Descrição de chapéu The New York Times

Dez anos depois, buscas por avião da Malaysia Airlines podem ser retomadas

Aeronave do voo MH370 desviou de rota misteriosamente e sumiu com 239 pessoas; investigações não chegaram a respostas

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Derrick Bryson Taylor
The New York Times

Em 8 de março de 2014, o voo MH370 da Malaysia Airlines seguia de Kuala Lumpur, capital da Malásia, para Pequim, quando desviou de sua rota programada em direção a oeste e cruzando a península da Malásia.

Acredita-se que a aeronave, um Boeing 777 com 239 pessoas de 15 países a bordo, tenha saído da rota e voado para o sul por várias horas após o contato por radar ser perdido. Autoridades acreditam que ela possa ter caído no sul do oceano Índico após ficar sem combustível, mas os extensos esforços de busca ao longo dos anos não retornaram com respostas, corpos de vítimas ou a própria aeronave.

A razão pela qual o avião saiu da rota e sua localização exata hoje permanecem um dos maiores mistérios da aviação de todos os tempos. Nesta semana, autoridades sugeriram que uma nova operação de busca possa ser realizada.

Pedaço de asa identificado como sendo do voo MH730 da Malaysia Airlines, um dos poucos destroços encontrados da aeronave desaparecida, em exposição em Kuala Lumpur em 2019
Pedaço de asa identificado como sendo do voo MH730 da Malaysia Airlines, um dos poucos destroços encontrados da aeronave desaparecida, em exposição em Kuala Lumpur em 2019 - Mohd Rasfan - 3.mar.2019/AFP

Investigação buscou por ar e mar

A primeira fase da busca durou 52 dias e foi conduzida principalmente por via aérea, cobrindo 4,4 milhões de quilômetros quadrados e envolvendo 334 voos.

Em janeiro de 2017, os governos de Austrália, Malásia e China oficialmente encerraram a investigação subaquática pelo avião após vasculharem mais de 120 quilômetros quadrados do fundo do oceano Índico, um esforço de investigação que custou US$ 150 milhões (R$ 740 milhões em valores atuais).

No janeiro seguinte, o governo malaio iniciou outra busca em parceria com a empresa Ocean Infinity após pressão das famílias dos passageiros e tripulantes desaparecidos. Alguns meses depois, o novo esforço terminou sem encontrar evidências sobre o paradeiro do avião.

Algum destroço foi encontrado?

Embora um avião destroçado nunca tenha sido encontrado, cerca de 20 pedaços de aeronave que se acredita serem do voo MH730 foram localizados ao longo das costas do continente africano e nas ilhas de Madagascar, Maurício, Reunião e Rodrigues.

Em 2015, investigadores determinaram que um grande objeto que apareceu na costa da ilha de Reunião, um território francês no oceano Índico, era um flaperon originário de um Boeing 777, tornando provável a hipótese de que a peça fosse parte dos destroços do voo 370.

Outro pedaço, triangular, composto de fibra de vidro e alumínio com as palavras "No Step" (não pise) inscritas foi encontrado em fevereiro de 2016 em um banco de areia ao longo da costa de Moçambique.

O governo australiano confirmou em setembro de 2016 que uma aba de asa que havia aparecido em uma ilha da Tanzânia era do voo 370. O escritório de investigações de acidentes de transportes da Austrália comparou os números de identificação com os do Boeing 777 desaparecido para chegar a essa conclusão.

Quais são as teorias sobre o desaparecimento do avião?

Existem inúmeras teorias, desde as bizarras até as provocativas, sobre o que causou o desaparecimento do avião, todas permeadas pela falta de informação sobre o que de fato aconteceu com o voo.

Algumas autoridades acreditam que o avião ficou sem combustível, e uma teoria sugere que os pilotos tentaram fazer um pouso de emergência no mar. Outros sugerem que um ou ambos os pilotos perderam o controle da aeronave, que um deles o fez de propósito, ou que o avião foi sequestrado.

O que diz o relatório oficial do governo?

Após mais de quatro anos de buscas e investigações, um relatório de 495 páginas divulgado em 2018 não chegou a conclusões definitivas sobre o destino da aeronave. A falta de respostas concretas devastou as famílias das vítimas.

Kok Soo Chon, chefe da equipe de investigação de segurança, disse que as evidências disponíveis —incluindo o desvio manual do curso de voo da aeronave e o desligamento de um transponder (dispositivo de comunicação)— apontam para "interferência ilegal", o que sugere que o avião foi sequestrado. Mas não há evidências de motivação ou autores para tal.

O relatório também examinou de perto todos os passageiros, o piloto, Zaharie Ahmad Shah, e o copiloto, Fariq Abdul Hamid. O relatório investigou a situação financeira dos homens, saúde, tom de voz nas comunicações por rádio e até a maneira como andavam para o trabalho naquele dia. Não foram detectadas anormalidades.

O que acontece depois?

Uma década após o desaparecimento do avião, sem respostas concretas e sem a aeronave encontrada, uma nova busca poderá em breve ser iniciada.

Autoridades malaias disseram em um comunicado nesta semana que o governo está pronto para discutir uma nova operação após ser abordado pela Ocean Infinity.

Oliver Plunkett, CEO da empresa, afirmou em comunicado que a empresa está agora apta a realizar uma nova investigação cerca de seis anos depois de sua empreitada anterior não ter trazido respostas.

"Essa busca é talvez a mais desafiadora e, de fato, pertinente, que existe", disse Plunkett. "Temos trabalhado com muitos especialistas, alguns fora da Ocean Infinity, para continuar analisando os dados na esperança de reduzir a área de busca para uma em que o sucesso se torne potencialmente alcançável."

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