Forças Armadas dos EUA retiram funcionários da embaixada no Haiti e reforçam segurança

Violência de gangues ameaça derrubar o governo, e país está em estado de emergência

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Washington | Reuters e AFP

Em um sinal de agravamento da crise pela qual passa o Haiti, as Forças Armadas dos Estados Unidos disseram, neste domingo (10), que fizeram uma operação para retirar funcionários não essenciais da Embaixada em Porto Príncipe e reforçaram a segurança. A violência das gangues ameaça derrubar o governo e levou milhares a fugir de suas casas.

"Este transporte de pessoal para dentro e para fora da embaixada está de acordo com nossa prática padrão de aumento de segurança de embaixadas em todo o mundo, e nenhum haitiano estava a bordo da aeronave militar", disse o Comando Sul dos EUA em um comunicado.

Na Embaixada do Brasil permaneciam três diplomatas e um oficial de chancelaria —por ora, nenhum funcionário do serviço exterior brasileiro foi retirado do país.

O Haiti entrou em estado de emergência no último dia 3, com escalada dos confrontos enquanto o impopular primeiro-ministro, Ariel Henry estava em Nairóbi, no Quênia, tentando fechar um acordo para o envio de uma missão apoiada pela ONU, atrasada há tempos.

Homem negro, idoso, de camiseta cinza e carregando um saco azul, observa mulher negra, idosa, deitada em uma calçada
Homem observa mulher idosa deitada na calçada após ser atingida em tiroteio em Porto Príncipe, no Haiti. - Clarens SIFFROY/AFP

O Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou em outubro o envio da missão internacional de segurança liderada pelo Quênia, mas sua implementação está sob impasse por decisões da Justiça queniana e pela falta de financiamento.

No sábado (9), o Departamento de Estado dos EUA disse que o secretário de Estado, Antony Blinken, conversou com o presidente do Quênia, William Ruto, sobre a crise no Haiti, e ambos enfatizaram seu compromisso com uma missão de segurança multinacional para restaurar a ordem.

No comunicado do Comando Sul, foi dito que Washington permanecia comprometido com esses objetivos. "Nossa embaixada continua focada em avançar nos esforços do governo dos EUA para apoiar o povo haitiano, incluindo mobilizar apoio para a Polícia Nacional do Haiti, acelerar o envio da missão de Apoio à Segurança Multinacional (MSS) autorizada pela ONU e acelerar uma transição pacífica de poder por meio de eleições livres e justas", dizia o comunicado.

O presidente reeleito de El Salvador, Nayib Bukele, ofereceu-se neste domingo (10) para "resolver" a crise de no Haiti. "Podemos consertar isso. Mas precisaremos de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, do consentimento do país anfitrião e cobertura de todos os custos da missão", escreveu Bukele na rede social X, em uma mensagem em inglês. O líder salvadorenho não deu detalhes, porém, sobre o que faria para "resolver" a situação no Haiti.

Bukele foi reeleito presidente de El Salvador em fevereiro com 85% dos votos, um apoio que obteve devido à autoproclamada guerra contra grupos criminosos.

As gangues haitianas têm atacado delegacias, tribunais e prisões nos últimos dias, resultando na fuga de milhares de detentos no Haiti, o que tem preocupado a comunidade internacional.

A ONU estima que no Haiti operem 200 facções, que utilizam "armas de fogo sofisticadas" e se dedicam ao "tráfico de armas ou drogas, extorsão, sequestro, assassinato, violência sexual e desvio de caminhões". Aproximadamente 23 gangues operam na capital e controlam 80% do território.

Também neste domingo (10), o papa Francisco afirmou que "acompanha com preocupação e dor" a situação no país. "Estou próximo da Igreja e do querido povo haitiano que vem sofrendo tanto há anos", declarou. O pontífice conclamou todas as partes a trabalharem pela paz e reconciliação, "com o apoio renovado da comunidade internacional".

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