George Santos diz que voltará a concorrer ao Congresso dos EUA após expulsão

Republicano filho de brasileiros foi o primeiro deputado a perder cargo na Câmara em 20 anos

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São Paulo

Primeiro deputado expulso da Câmara dos Estados Unidos em 20 anos, o republicano George Santos, filho de brasileiros, disse na noite de quinta-feira (7) que voltará a concorrer ao Congresso americano.

"Quero anunciar que retornarei à arena da política e desafiarei Nick para a batalha por #NY1", escreveu Santos na plataforma X, referindo-se a Nick LaLota, deputado do Partido Republicano que representa um distrito de Nova York. "Deus abençoe a todos e vamos às corridas!"

O ex-congressista George Santos (à esq.), acompanha discurso de Biden ao lado do republicano Matt Gaetz no Congresso americano
O ex-congressista George Santos (à esq.), acompanha discurso de Biden ao lado do republicano Matt Gaetz no Congresso americano - Win McNamee - 7.mar.24/Getty Images/AFP

O deputado cassado voltou ao Congresso americano na noite de quinta para acompanhar o discurso do presidente Joe Biden do Estado da União, ponto alto do calendário político do país em que o chefe do Executivo presta contas e explica sua visão de futuro ao Legislativo e ao Judiciário. Questionado por repórteres, Santos disse que, como ex-membro da Câmara, ainda tem acesso ao plenário.

Segundo Santos, o estado de Nova York não teve um político "verdadeiramente conservador" para representá-lo desde sua expulsão do Congresso. "Acabei de testemunhar um presidente fraco e frágil entregando mentiras e mentiras ao povo americano. Fiz vários sacrifícios pessoais para servir o povo. Minha promessa é de que nunca desistirei deste país", escreveu ele no X.

Sem citar nominalmente Donald Trump, Biden usou seu discurso ao Congresso para atacar o ex-presidente, defender os feitos de seu governo e fazer campanha por um novo mandato. O democrata oscilou entre sua personalidade pública habitual, descontraído e piadista, e uma versão mais enérgica, na tentativa de mudar a visão dos americanos de que, aos 81 anos, ele está velho demais para comandar os EUA.

Após a mensagem de Santos, Nick LaLota criticou o deputado filho de brasileiros nas redes sociais. "Para elevar o padrão no Congresso e responsabilizar um mentiroso patológico que roubou uma eleição, liderei a acusação de expulsar George Santos. Se terminar o trabalho exige vencê-lo nas primárias, conte comigo." O deputado cassado compartilhou a mensagem, referindo-se ao adversário como um "homenzinho patético".

Santos, 35, foi destituído em dezembro após várias denúncias de irregularidades, mentiras, fraudes e crimes financeiros. Ele se tornou o primeiro republicano expulso da Câmara em toda a história e o primeiro político a perder o mandato sem ter sido condenado antes na Justiça.

Outros cinco congressistas haviam sido expulsos antes de Santos: três no século 19 por terem apoiado os confederados —que defendiam a manutenção da escravidão nos EUA— durante a Guerra da Secessão, e dois desde os anos 1980 por corrupção.

Santos chamou a atenção após vencer em 2022 uma disputa acirrada no terceiro distrito de Nova York, que abrange Long Island e Queens. Ele foi o primeiro republicano abertamente gay a vencer uma eleição sem ser o incumbente.

O republicano, porém, logo se tornou motivo de piada nos EUA após uma série de reportagens e investigações criminais e por um Comitê de Ética do Congresso encontrarem evidências de que ele cometeu fraudes, lavagem de dinheiro e desviou recursos de campanha para despesas com itens de luxo, botox e até o site de conteúdo erótico OnlyFans. Santos nega ter cometido irregularidades.

No mês passado, eleitores de Nova York escolheram o democrata Tom Suozzi para substituir Santos. O resultado diminuiu a maioria já estreita do Partido Republicano na Câmara —o partido passou a ter 219 deputados, contra 213 democratas. A legenda, portanto, pode ter mais dificuldades para aprovar projetos, considerando que o espaço para dissidências é menor.

Milhares de eleitores escolhem este ano o futuro presidente, vice-presidente, senadores, deputados e governadores dos EUA. O país não possui uma lei equivalente à da Ficha Limpa, que no Brasil impede a candidatura de condenados na Justiça, alvos de cassação de mandato ou que renunciaram.

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