Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Israel diz que Hamas dificulta acordo sobre reféns para 'incendiar região' no Ramadã

Governo de Natanyahu deu como prazo este domingo (10) para invasão de Rafah, região superlotada de Gaza que passa por crise humanitária

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AFP Reuters

O governo de Israel disse, neste sábado (9), que o Hamas está dificultando um acordo sobre reféns para "incendiar a região" durante o Ramadã. A declaração ocorre um dia antes do prazo dado por Binyamin Netanyahu para invadir Rafah, neste domingo (10), quando começa o mês sagrado para os muçulmanos.

De acordo com o Israel, autoridades da Mossad e da CIA, agências de inteligência israelense e americana, respectivamente, se reuniram na sexta-feira (8) para tentar garantir a liberação dos reféns na Faixa de Gaza, em troca de um cessar-fogo.

O conflito começou há cinco meses com um ataque terrorista em território israelense que deixou 1.200 mortos, e a reação de Netanyahu levou a uma crise humanitária em Gaza, onde há mais de 30 mil vítimas, segundo autoridades do país.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em discurso sobre conflito com Hamas. - Ronen Zvulun-18.2.2024/REUTERS

"O chefe do Mossad, David Barnea, se reuniu ontem [sexta-feira, 8] com o chefe da CIA, Bill Burns, como parte dos incessantes esforços para avançar em outro acordo para a liberação de reféns", diz o gabinete de Netanyahu.

O texto diz ainda que Israel está em contato com os mediadores para um possível acordo, mas que o Hamas "não está interessado". O comunicado não detalhou onde Barnea e Burns se reuniram.

"Neste ponto, o Hamas está se enrijecendo em suas posições como alguém que não está interessado em um acordo e busca inflamar a região durante o Ramadã, às custas dos residentes palestinos da Faixa de Gaza", acrescentou o texto.

Em paralelo, o governo de Netanyahu atacou, neste sábado, uma das maiores torres residenciais em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza, disseram moradores à agência Reuters, aumentando a pressão sobre a última área do enclave que ainda não foi invadida.

O prédio de 12 andares foi danificado no ataque, e os moradores disseram que dezenas de famílias ficaram desabrigadas, embora não haja relatos de vítimas até o momento. Os militares de Israel disseram que o bloco residencial estava sendo usado pelo Hamas para planejar ataques contra israelenses.

Um dos 300 moradores da torre, localizada a cerca de 500 metros da fronteira com o Egito, disse à Reuters que Israel lhes deu um aviso de 30 minutos para fugirem do prédio à noite.

"As pessoas se assustaram, desceram as escadas correndo, algumas caíram, foi um caos. As pessoas deixaram para trás pertences e dinheiro", disse Mohammad Al-Nabrees, acrescentando que entre aqueles que tropeçaram nas escadas durante a saída em pânico estava a esposa grávida de um amigo.

O ataque deixou os moradores em alerta para uma potencial nova investida de Israel a Rafah, onde mais de metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão abrigados.

Ataques aéreos de Israel destroem um dos maiores edifícios residenciais em Rafah, na Faixa de Gaza. - Yasser Qudih/Xinhua

O primeiro-ministro de Israel afirmou na quinta-feira (7) que Tel Aviv manterá em curso a invasão da Faixa de Gaza, inclusive de Rafah. "Há pressão internacional, e ela está aumentando. Mas especialmente quando a pressão internacional aumenta é que devemos cerrar fileiras e nos unir contra as tentativas de parar a guerra", disse.

O Exército seguirá operando contra o Hamas em toda a Faixa de Gaza, afirmou Netanyahu, "incluindo Rafah, o último reduto do Hamas". "Quem nos disser para não agir em Rafah está nos dizendo para perder a guerra e isso não vai acontecer."

Superlotado por deslocados internos, Rafah é o maior centro urbano de Gaza que ainda não foi alvo de uma invasão terrestre do Exército de Israel, embora bombardeios atinjam a cidade desde o início do conflito. O local fica na fronteira com o Egito e tem sido a porta de entrada para ajuda humanitária que não é barrada em direção ao território palestino.

A delegação do Hamas que participa de negociações por uma trégua com Israel na Faixa de Gaza, ao deixar Cairo na última quinta-feira, disse em comunicado que continuará com os diálogos pelo cessar-fogo no território palestino até que um acordo seja alcançado.

Sami Abu Zuhri, alta autoridade do grupo terrorista, culpou Israel por "bloquear" as conversas e impedir o progresso das negociações que envolvem também a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas e mantidos em Gaza.

"A delegação do Hamas deixou o Cairo nesta manhã para consulta com a liderança do movimento. As negociações e esforços continuam para parar a agressão, devolver os deslocados internos e trazer ajuda humanitária para nosso povo", disse o grupo em comunicado.

Abu Zuhri afirmou à Reuters que Israel tem rejeitado durante os quatro dias de negociações no Cairo as demandas do Hamas para encerrar sua ofensiva no território palestino, retirar suas Forças Armadas de lá e garantir a liberdade de entrada para ajuda humanitária e retorno de pessoas deslocadas.

Negociadores do Hamas, do Qatar e do Egito —os dois últimos têm mediado o diálogo entre as partes envolvidas— tentaram nesta semana garantir um cessar-fogo de 40 dias a tempo do Ramadã. Israel não enviou delegação ao Cairo.

Superlotada por deslocados internos, a cidade de Rafah é o maior centro urbano de Gaza que ainda não foi alvo de uma invasão terrestre do Exército de Israel, embora bombardeios atinjam a cidade desde o início do conflito. O local fica na fronteira com o Egito e tem sido a porta de entrada para ajuda humanitária que não é barrada em direção ao território palestino.

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