Após negar ter atirado em palestinos que aguardavam ajuda no norte da Faixa de Gaza na véspera, em um dos dois incidentes que teriam resultado em ao menos 29 mortes, o Exército de Israel atribuiu nesta sexta-feira (15) a origem dos tiros ao Hamas, grupo terrorista que controla o território e que havia denunciado o episódio.
Os militares afirmam que uma apuração interna revelou que suas tropas não abriram fogo em nenhum momento naquela noite.
Segundo eles, um comboio de 31 caminhões contendo alimentos e outros kits de ajuda humanitária seguiu para uma rotatória no norte da faixa na quinta-feira (14).
Uma hora antes da chegada do comboio a um corredor previamente estabelecido por Tel Aviv, homens armados abriram fogo contra residentes locais que aguardavam os veículos, e continuaram atirando quando a multidão começou a saqueá-los. Outras 150 pessoas teriam ficado feridas.
"Enquanto as Forças de Defesa de Israel prosseguem no seu esforço humanitário para fornecer alimentos e ajuda humanitária aos civis da Faixa de Gaza, terroristas do Hamas continuam a prejudicar civis gazenses que buscam comida e culpam Israel por isso", declarou o órgão em comunicado publicado em suas redes sociais e reproduzido pelo jornal The Times of Israel.
"Como resultado, na primeira sexta-feira do mês do Ramadã [sagrado no islamismo], criou-se uma campanha difamatória com o objetivo de espalhar desinformação sem fundamentos para instigar a violência", prossegue a nota.
O relato contradiz o que havia sido publicado no dia anterior por veículos como Al Jazeera. De acordo com a emissora baseada no Qatar, os palestinos que aguardavam ajuda foram alvejados por um helicóptero israelense.
O episódio da quinta-feira remeteu a outro, ocorrido no último dia 29, quando militares israelenses dispararam contra centenas de civis que aguardavam em fila para receber suprimentos, em uma cena que chocou a comunidade internacional.
Segundo o Hamas, mais de cem pessoas morreram naquele dia —Tel Aviv assumiu a responsabilidade pode apenas dez mortes e atribuiu a culpa dos demais óbitos aos próprios palestinos que, segundo os militares, teriam causado um tumulto que levou a pisoteamentos e atropelamentos ao tentarem saquear os caminhões.
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