Hamas acusa Israel de matar 29 em ataques contra grupos que buscavam ajuda em Gaza

Tel Aviv nega acusações e diz que vai 'estudar o incidente'; Al Jazeera diz que tiros foram disparados de helicóptero

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São Paulo

O grupo terrorista Hamas acusou Israel de matar 29 pessoas e ferir outras 150 em dois ataques distintos enquanto elas aguardavam a distribuição de ajuda humanitária na Cidade de Gaza na noite desta quinta-feira (14).

No primeiro incidente, segundo autoridades de saúde locais, associadas à facção, oito pessoas foram mortas num ataque aéreo contra um centro de distribuição de ajuda humanitária no campo de Al-Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.

No segundo, pelo menos 21 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas por tiros israelenses contra uma multidão que esperava caminhões de ajuda em uma rotatória no norte do território. Segundo a rede qatari Al Jazeera, os disparos teriam sido feitos de um helicóptero.

Palestino beija o corpo de seu filho morto em ataque de Israel contra a cidade de Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza - AFP

Tel Aviv negou as acusações. "Os relatos da imprensa de que as forças israelenses atacaram dezenas de habitantes de Gaza num ponto de distribuição de ajuda são errôneos", afirmou o Exército num breve comunicado, em que acrescentou que vai "estudar cuidadosamente o incidente".

Ele remete a outro, ocorrido no último dia 29, quando militares israelenses dispararam contra centenas de civis que aguardavam em fila para receber ajuda humanitária, em uma cena que chocou a comunidade internacional.

Segundo o Hamas, mais de cem pessoas morreram naquele dia —Tel Aviv assumiu a responsabilidade pode apenas dez mortes e atribuiu a culpa dos demais óbitos aos próprios palestinos, que ao tentarem saquear os caminhões de ajuda teriam causado um tumulto que levou a pisoteamentos e atropelamentos.

Um jornalista da emissora Al-Jazeera afirmou que a rotatória em que ocorreu o incidente desta quarta, responsável por ligar o norte ao sul da Faixa de Gaza, vem sendo descrita como uma "armadilha mortal" pelos locais. Ainda de acordo com a rede sediada no Qatar, pelo menos 400 palestinos foram mortos por israelenses enquanto esperavam ajuda desde o início da guerra, quase seis meses atrás.

A ONU vem alertando que pelo menos 576 mil pessoas —um quarto da população pré-guerra da Faixa de Gaza— enfrentam "níveis catastróficos de insegurança alimentar". Esse número, somado a relatos de palestinos que estão comendo ração e animais como cavalos para sobreviver, tem aumentado a pressão para que Israel permita mais acesso ao território palestino em guerra.

Israel mantém Gaza sob cerco total desde outubro, restringindo a entrega de carregamentos sob a alegação de que parte dos materiais pode representar um risco à sua própria segurança.

O país nega, porém, obstruir a distribuição de mantimentos, atribuindo eventuais falhas à atuação de agências humanitárias e acusando o Hamas de desviar a ajuda. A facção palestina, por sua vez, acusa os israelenses de usarem a fome como uma arma.

Diante desse embate e do impasse nas negociações de cessar-fogo, a comunidade internacional vêm buscando alternativas à entrega de suprimentos por terra.

Por exemplo: no início de março, logo depois do episódio do dia 29, os Estados Unidos seguiram uma estratégia que já vinha sendo usada pela França e pela Jordânia e realizaram pela primeira vez a distribuição de ajuda humanitária por via área, lançando 38 mil refeições sobre a faixa de terra em paraquedas.

Operações do tipo são criticadas por especialistas, no entanto, que afirmam que envios de suprimentos por ar não só são pouco eficazes como oferecem risco à população em terra quando os paraquedas apresentam mal funcionamento. Na semana passada, cinco pessoas morreram ao serem atingidas por pacotes com ajuda humanitária, relatou uma autoridade de saúde palestina.

Outra possibilidade atualmente em teste é o fornecimento de mantimentos por mar. Um navio carregando 200 toneladas de arroz, farinha e conservas deixou o Chipre —país da União Europeia mais próximo do território palestino— na terça-feira (12), em um piloto para inaugurar uma rota marítima de chegada de ajuda humanitária.

Os EUA prometeram fazer algo semelhante, com o presidente Joe Biden tendo anunciado a construção de um porto flutuante na costa do Mediterrâneo onde navios militares possam atracar e entregar kits de ajuda humanitária diretamente à população.

Com AFP e Reuters

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