Javier Milei diz que aborto, legalizado na Argentina, é assassinato

Governo do presidente ultraliberal tem projeto travado no Legislativo que busca criminalizar interrupção da gravidez

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Buenos Aires | AFP

O presidente da Argentina, Javier Milei, disse nesta quarta-feira (6) que considera o aborto "assassinato" e é contrário à legalização da prática no país, aprovada pelo Legislativo em 2020 e sancionada pelo seu antecessor, Alberto Fernández.

Milei deu as declarações dois dias antes do Dia Internacional da Mulher, falando a estudantes da escola onde cursou o ensino médio, o colégio católico Cardeal Copello, em Buenos Aires. "Para mim, o aborto é um assassinato agravado pelo vínculo", disse o presidente, em referência à ligação entre a gestante e o feto. "Posso mostrar-lhes isso de uma perspectiva matemática, filosófica, do liberalismo, e da biologia."

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante a abertura do Congresso Nacional em Buenos Aires - Agustin Marcarian - 1.mar.2024/Reuters

Milei se referiu a quem apoiou a aprovação da prática no país como "os assassinos dos lenços verdes" —o adereço virou símbolo da luta feminista pela legalização do aborto na Argentina e em outros países. Esta semana, a França se tornou o primeiro país a incluir em sua Constituição a liberdade da mulher de abortar, em um sinal do governo Emmanuel Macron de proteção da prática, que era legalizada desde 1975.

Coletivos feministas argentinos devem marchar em defesa dos direitos das mulheres no Dia Internacional da Mulher, na próxima sexta. O ato acontece com o lema "Contra a fome, o ajuste e a repressão", se posicionando contra o ajuste econômico feito pelo governo Milei e que tem causado níveis recordes de pobreza na Argentina —57% da população está nessa situação, o maior patamar em 20 anos.

Desde que assumiu em 10 de dezembro, Milei eliminou o Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade e anunciou recentemente o fechamento do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), além de proibir o uso da linguagem inclusiva nas Forças Armadas e em toda a administração pública nacional.

O partido de Milei, A Liberdade Avança, apresentou um projeto de lei no Parlamento para voltar atrás na legalização do aborto e voltar a criminalizar a prática, mas o governo esclareceu depois que esse tema não é prioritário. O aborto é legalizado na Argentina e pode ser realizado a pedido da gestante até as 14 semanas de gestação.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.