O primeiro-ministro do Peru, Alberto Otárola, renunciou nesta terça-feira (5) após ter o nome envolvido em um escândalo de suposto tráfico de influência em favor de uma mulher a quem chamava de "amor" em áudios revelados pela imprensa.
"Na conversa com a presidente da República, eu anunciei minha decisão de apresentar minha renúncia como presidente do Conselho de Ministros", disse Otárola em uma entrevista coletiva após reunião com a presidente Dina Boluarte na sede do governo, em Lima.
Boluarte nomeou o representante do país na Organização dos Estados Americanos (OEA), Gustavo Adrianzen, como novo primeiro-ministro nesta quarta-feira (6). Ela confirmou que, apesar de ter um novo primeiro-ministro, o restante de seu gabinete atual permanecerá o mesmo.
Otárola, um hábil operador político e advogado de 57 anos, era o braço direito da chefe de Estado desde 22 de dezembro de 2022.
O agora ex-primeiro-ministro teve que interromper uma missão oficial no Canadá e retornar ao Peru após o escândalo desencadeado pela publicação das gravações no fim de semana.
O programa de televisão Panorama revelou áudios em que se ouve a voz de Otárola expressando afeto por uma mulher que em 2023 obteve dois contratos com o Estado no valor de 53 mil soles (cerca de R$ 69,2 mil), como assistente técnica administrativa no Ministério da Defesa.
"Diga-me, amor, para conversarmos. Você sabe que essas coisas incomodam, chateiam, mas você sabe que eu também te amo", diz o primeiro-ministro à mulher de 25 anos.
Otárola negou ser um "corrupto" e disse que sua saída foi tramada por seus adversários políticos.
"Vou me submeter, claro, a todas as investigações, mas a perícia será absolutamente clara em relação à maneira grosseira como esses áudios foram editados e apresentados ao público", afirmou.
Boluarte enfrentou protestos nas ruas entre o final de 2022 e o início de 2023 e lida com uma forte oposição de esquerda no Congresso peruano.
Os protestos começaram em dezembro depois que o ex-presidente Pedro Castillo foi deposto e preso enquanto tentava dissolver o Parlamento em uma tentativa de golpe. Boluarte, então vice-presidente, foi empossada, mas dezenas de pessoas morreram em manifestações que se seguiram, principalmente no sul peruano.
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