Lula põe em dúvida comportamento da oposição na Venezuela e faz paralelo com Bolsonaro

Presidente diz estar feliz com convocação do pleito para julho; principal candidata antichavista está impedida de concorrer

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou, nesta quarta-feira (6), que a Venezuela tenha marcado as eleições para julho, mas colocou em dúvida o comportamento da oposição no país e fez um paralelo com Jair Bolsonaro (PL), sem citá-lo diretamente.

"Pode dizer assim na Folha de S.Paulo: Lula está muito feliz que finalmente está marcada a data das eleições na Venezuela. Espero que as pessoas que estão disputando eleições não tenham o hábito de ex-presidente deste país, de negar processo eleitoral, as urnas e a respeitabilidade à Suprema Corte", afirmou, após ser questionado pela reportagem.

A declaração foi feita após pronunciamento e encontro bilateral com o premiê da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto.

Na declaração, Lula se voltou na direção de Sánchez e afirmou que Bolsonaro "teve insensatez, falta de pudor e falta de vergonha" ao convocar embaixadores do mundo para pôr em suspeição o sistema eleitoral em 2022. O episódio levou à inelegibilidade do ex-presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Para Lula, não é possível lançar dúvidas sobre a disputa no país vizinho antes que ela ocorra.

"Temos que garantir presunção da inocência, até que haja eleições para que a gente possa julgar se foi democrático. Nem todo candidato que perde eleição aceita resultado; só eu que perdi três eleições neste país, todas eu aceitei o resultado tranquilo", disse.

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, recrudesceu a repressão contra opositores na Venezuela. Dominada pelo governo, a Justiça Eleitoral inabilitou a principal opositora, María Corina Machado. Maduro anunciou recentemente a expulsão de funcionários da agência da ONU de direitos humanos do país. Em outra medida, mandou tirar do ar o sinal do canal alemão Deutsche Welle. A emissora havia veiculado denúncias contra o alto escalão do regime.

As falas de Lula foram em resposta a um questionamento aos dois líderes sobre as condições para a realização do pleito. Sánchez se limitou a dizer que celebra a convocação das eleições e que espera contribuir para que ocorra tudo com as devidas garantias.

Lula cumprimenta Nicolás Maduro em reunião da Celac, no dia 1º - Ricardo Stuckert/Presidência da República

Mais cedo, Lula fora questionado sobre o mesmo tema por jornalistas e respondeu rapidamente. "Se o candidato da oposição tiver o mesmo comportamento do nosso aqui [Bolsonaro], nada vale", declarou.

Depois, ele foi questionado a respeito do paralelo com o Brasil. "Eu só disse a vocês o que houve aqui nesse país, eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei outro candidato e [ele] disputou as eleições".

A Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela confirmou na terça-feira (5) que o país terá eleições para presidente no dia 28 de julho, data em que nasceu Hugo Chávez, líder do país até sua morte, em 2013 —o dia escolhido para o anúncio, por sua vez, é a data em que Chávez morreu.

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