Líder de aliança de gangues do Haiti promete derrubar primeiro-ministro

País caribenho vive aumento da violência na capital, enquanto ajuda internacional demora a se concretizar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Porto Príncipe | Reuters

O líder de uma aliança de nove gangues do Haiti, Jimmy Cherizier, conhecido como "Barbecue", afirmou nesta sexta-feira (1º) que dará continuidade a suas tentativas de derrubar o primeiro-ministro Ariel Henry. Cherizier, que também é ex-policial, pediu às famílias que não deixem seus filhos irem à escola para "evitar danos colaterais".

O pronunciamento do líder do G9, nome da aliança das gangues, veio em resposta à visita do premiê haitiano ao Quênia nesta semana. O Haiti e o país africano assinaram um acordo para garantir um plano de envio de 1.000 policiais para liderar uma missão aprovada pela ONU com o objetivo de combater a violência das gangues no país caribenho.

A visita de Henry ao Quênia fez a violência aumentar em Porto Príncipe. Segundo a embaixada dos Estados Unidos no Haiti, algumas áreas da capital do país foram palco de tiroteios intensos e bloqueios no trânsito. Quatro policiais morreram nos confrontos com as gangues nesta quinta-feira (29), informou o sindicato nacional da polícia.

Em meio ao cenário de exacerbada violência, os haitianos receberam a notícia que o primeiro-ministro se comprometeu a realizar eleições gerais até 31 de agosto de 2025. A informação foi divulgada por meio de um comunicado da Caricom (Comunidade do Caribe) também nesta quinta-feira.

Nele, a Caricom afirma que "a deterioração contínua da situação política, humanitária e de segurança" no Haiti e "com o atraso contínuo na superação do impasse político" impediram as eleições livres e justas. Assim, a Comunidade do Caribe garantiu que, em conjunto com a ONU, enviará uma equipe de avaliação das necessidades eleitorais ao Haiti até o final de março.

Henry, que chegou ao poder após o assassinato do último presidente do país, Jovenel Moïse, em 2021, já havia se comprometido a renunciar no início de fevereiro, mas depois disse que a segurança deveria ser restabelecida para garantir eleições livres e justas. Em resposta à decisão do premiê, uma multidão foi às ruas de Porto Príncipe para protestar.

Desde o assassinato do ex-presidente Moïse, centenas de gangues expandiram seu território, unindo-se em torno de duas alianças principais, e estima-se que agora controlem a maior parte da capital. O próprio Henry, além da viúva de Moïse, Martine, agora também são investigados pela morte do presidente.

Em outubro de 2022, o premiê haitiano pediu ajuda à comunidade internacional para reforçar a polícia nacional que enfrentava gangues fortemente armadas. A ONU, embora tenha ratificado o envio de reforços um ano depois, não definiu a data, nem detalhes relativos a esta ajuda.

Contudo, segundo a agência de notícias Reuters, os EUA prometeram US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) em apoio ao Haiti, o Canadá cerca de US$ 60 milhões (R$ 300 milhões) e a França quase US$ 4 milhões (R$ 20 milhões). O porta-voz da ONU disse que menos de US$ 11 milhões (R$ 55 milhões) foram depositados até o momento no fundo criado pela organização mundial.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que faria pressão por mais financiamento para a força, bem como para a ajuda humanitária. "Precisamos absolutamente agora agir rapidamente", disse ele, e enfatizou que é importante que "as coisas não sejam adiadas e que ninguém esteja enrolando"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.