Descrição de chapéu Estados Unidos Rússia

Suécia entra oficialmente na Otan e aumenta pressão da aliança sobre a Rússia

Estocolmo se torna o 32º membro do grupo, que se opõe a Moscou em meio à Guerra da Ucrânia

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São Paulo

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, saudou a entrada oficial da Suécia como membro da aliança militar ocidental nesta quinta-feira (7), descreveu-a como histórica e disse que o país nórdico agora tem a garantia definitiva de segurança do grupo.

A Suécia se tornou formalmente o mais novo membro da aliança em Washington ao concluir seu ingresso com o depósito do instrumento de adesão, último documento necessário para finalizar o procedimento.

"Coisas boas acontecem para aqueles que esperam", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao receber do premiê sueco, Ulf Kristersson, os documentos de adesão. "Os suecos perceberam algo muito profundo: se Putin estava disposto a tentar apagar um vizinho do mapa, então talvez não parasse por aí", seguiu Blinken, em referência à invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada há pouco mais de dois anos.

O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, em Washington com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, durante cerimônia que oficializou o ingresso de Estocolmo na Otan
O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, em Washington com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, durante cerimônia que oficializou o ingresso de Estocolmo na Otan - Andrew Caballero-Reynolds - 7.mar.2024/AFP

"Após mais de 200 anos de não alinhamento, a Suécia agora desfruta da proteção concedida pelo Artigo 5, a garantia definitiva da liberdade e segurança dos Aliados", disse Stoltenberg em um comunicado no X.

A referência é ao mecanismo de defesa coletiva da aliança, segundo o qual um ataque a um país integrante do bloco é considerado um ataque contra todos os membros da organização.

"A Suécia traz consigo Forças Armadas capazes e uma indústria de defesa de primeira classe. A adesão da Suécia torna a Otan mais forte, a Suécia e toda a aliança mais segura", afirmou o chefe do bloco. Com a adesão de Estocolmo a Otan agora conta com 32 países-membros.

O princípio de defesa coletiva do bloco é algo em que países europeus têm se apoiado em meio à Guerra da Ucrânia. Por outro lado, o mesmo Artigo 5 gera um clima de tensão ante os riscos de um ataque ou erro de cálculo de Moscou contra integrantes da aliança que fazem fronteira com Kiev, como a Polônia ou a Romênia, ou países bálticos que têm sido mais vocais em críticas ao líder russo, Vladimir Putin.

Na prática, isso demandaria uma resposta da Otan como um todo e arrastaria os Estados Unidos e outras grandes potências da aliança para uma guerra aberta contra o Kremlin —possivelmente, uma Terceira Guerra Mundial.

A entrada de Estocolmo na Otan foi concluída após meses de imbróglios que contavam com a resistência da Hungria, do primeiro-ministro Viktor Orbán, simpático a Putin. A ratificação da adesão sueca pelo Parlamento em Budapeste ocorreu depois de acordo entre os dois países para a compra de quatro caças Gripen da nação nórdica.

Antes da ratificação húngara, a Turquia também demorou a aprovar a adesão da Suécia, exigindo ação mais rigorosa contra membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK, que, segundo Ancara, estabeleceram-se na Suécia.

Estocolmo mudou leis, endureceu o combate ao terrorismo e relaxou as regras sobre vendas de armas para acalmar a Turquia, que também vinculou a ratificação do novo membro à aprovação dos EUA da venda de caças F-16 a Ancara.

O presidente dos EUA, Joe Biden, num comunicado, disse que a adição da Suécia tornou a Otan "mais unida, determinada e dinâmica do que nunca". O ucraniano Volodimir Zelenski, por sua vez, disse que "mais um país na Europa ficou mais protegido do mal russo" e aproveitou para reiterar seu desejo de fazer de Kiev também um país-membro da aliança. "Um dia, a Suécia também parabenizará a Ucrânia por sua adesão à Aliança Atlântica", afirmou, embora esta perspectiva pareça distante para seu país em guerra.

Em abril do ano passado, a Finlândia também ingressou na aliança, efetivamente dobrando a fronteira do grupo com a Rússia. Antes disso, o Kremlin usou a expansão do bloco até suas fronteiras como uma das justificativas para o que ainda chama de "operação militar especial" contra a Ucrânia, até então uma candidata a ingressar na Otan.

"Hoje é um dia histórico. O presidente Putin foi à guerra contra a Ucrânia com o objetivo declarado de ter menos Otan. Está ganhando o oposto", disse Stoltenberg na ocasião da entrada de Helsinque na aliança.

Com Reuters

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