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Ucrânia atinge refinaria na Rússia em novo ataque com drones

Ação ocorre no segundo dia da eleição presidencial russa; vídeos mostram urnas sendo enchidas de votos

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Moscou

Em mais um ataque de drones contra o parque industrial energético russo, a Ucrânia conseguiu atingir neste sábado (16) a refinaria da estatal Rosneft em Sizran, 850 km a sudeste de Moscou. Segundo o governo, ninguém ficou ferido, mas a unidade passou boa parte do dia em chamas.

Outro ataque aconteceu na mesma região, Samara, contra a refinaria Novokubiche, mas, segundo o governador Dmitri Azarov afirmou no Telegram, as defesas aéreas locais derrubaram os aviões-robôs. A fronteira da Ucrânia fica a cerca de 800 km de lá.

Foto publicada pelo prefeito de Belgorodo, Valentin Demidov, mostra veículo destruído em ataque ucraniano
Foto publicada pelo prefeito de Belgorodo, Valentin Demidov, mostra veículo destruído em ataque ucraniano - @v_v_demidov no Telegram - 15.mar.2024/AFP

Esta foi a quarta refinaria atingida nesta semana de eleição presidencial russa, que começou oficialmente na sexta (15) e vai até este domingo (17). Desde o começo do ano, foram sete as plantas atingidas, com danos variáveis e não verificáveis.

Segundo vídeos feitos por funcionários de Sizran, a principal torre de refino da fábrica foi destruída. Sendo um dado preciso, isso significa que 70% da capacidade da refinaria foi comprometida. Ela produz 8 milhões de toneladas anuais de derivados de petróleo.

A indústria de petróleo e gás é o motor da economia russa, e atacar refinarias busca afetar a moral dos consumidores/eleitores: desde janeiro, o preço dos combustíveis tem subido na parte europeia da Rússia, onde moram 75% dos 146 milhões de habitantes do país.

Segundo dados da Spimex, a bolsa de commodities de São Petersburgo, houve um aumento de 50% no custo de produção de gasolina no período. Moscovitas relatam que houve flutuações no preço final ao consumidor, mas creem que a proximidade da eleição fez com que o governo segurasse uma alta expressiva.

Também neste sábado o FSB (Serviço Federal de Segurança) prendeu um homem de 61 anos que, segundo os investigadores, planejava um ataque terrorista em nome de Kiev contra o sistema ferroviário de Sverdlovsk, nos Urais (divisa da Rússia europeia com a asiática).

Por fim, segue o bombardeio diário contra Belgorodo, região no sul russo que faz fronteira com a Ucrânia. Neste sábado, duas pessoas morreram em um ataque com drone. Houve também mais uma tentativa de invasão por grupos pró-Kiev na região, que a Rússia disse ter repelido. Do outro lado da fronteira, ataques com mísseis, drones e artilharia prosseguiram no ritmo usual.

Do ponto de vista militar, até aqui as ações ucranianas têm mais impacto psicológico. Em campo, a situação no país invadido por Vladimir Putin em 2022 é favorável ao Kremlin neste momento, com Kiev assumindo uma posição defensiva após fracassar em romper as linhas russas no ano passado.

Com menos apoio ocidental, os estoques de munição de Volodimir Zelenski estão em níveis críticos, e analistas creem que a Rússia poderá aproveitar para tentar fazer uma grande ofensiva quando o verão do hemisfério norte chegar, em junho.

Putin diz que os ataques visam atrapalhar o pleito russo, no qual ele será reeleito com facilidade. O presidente tem 86% de popularidade, segundo o independente Centro Levada, e não há oposição estruturada no país.

O partido Rússia Unida, que dá sustentação ao Kremlin embora Putin concorra como independente, afirmou que seus servidores foram atacados por hackers durante o sábado (16).

Desde a sexta começaram a emergir, como ocorre em toda eleição recente na Rússia, vídeos descrevendo fraudes. Em Níjni-Novgorod (400 km a leste de Moscou), por exemplo, moradores filmaram o que seriam funcionários de uma seção eleitoral enchendo urnas com votos.

Em outras localidades, houve protestos pontuais, captados por câmeras nas seções eleitorais. Em Moscou e na Crimeia, eleitoras jogaram tinta em urnas já com votos, inutilizando-as. Elas foram detidas e podem pegar até cinco anos de cadeia, pena por obstrução do processo eleitoral.

A mesma lei foi colocada na mesa pela Promotoria de Moscou ao comentar o protesto que os apoiadores de Alexei Navalni, opositor de Putin morto em uma cadeia no Ártico no mês passado, convocaram para o domingo. Eles querem que os manifestantes apareçam para votar ao mesmo tempo ao meio-dia, gerando filas.

Há um esquema de segurança bastante forte no país. A Folha percorreu na manhã deste sábado algumas seções na região ao sul do Kremlin, e o movimento parecia bastante tranquilo. Muitos eleitores, como Putin, prefeririam usar o sufrágio por meio de aplicativo, uma novidade em teste em 27 das 83 regiões russas.

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