Mike Pence, vice de Trump em 2016, diz que não vai endossar ex-presidente

Ex-número 2 da Casa Branca se opôs a negar vitória de Biden durante invasão do Capitólio por apoiadores do empresário

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Boa Vista

Mike Pence, vice-presidente dos Estados Unidos durante o mandato de Donald Trump, recusou-se a endossar o ex-presidente nas eleições deste ano, durante entrevista à rede de TV Fox News nesta sexta-feira (15).

Pence foi pré-candidato do Partido Republicano nas primárias da legenda, mas desistiu em outubro passado, estagnado nas pesquisas de opinião. Trump conquistou na última terça (12) o número de delegados suficientes para disputar o pleito contra Joe Biden em novembro.

Mike Pence, então vice-presidente de Donald Trump, atrás do ex-presidente durante entrevista coletiva na Casa Branca, em 2020
Mike Pence, então vice-presidente de Donald Trump, atrás do ex-presidente durante entrevista coletiva na Casa Branca, em 2020 - Jim Watson - 26.mar.2020/AFP

"Não deve ser surpresa que eu não apoiarei Donald Trump este ano", disse Pence na entrevista, ressaltando que tinha orgulho da gestão conservadora da Casa Branca de que participou.

"Nós temos nossas diferenças sobre os deveres constitucionais que exerci no 6 de Janeiro", disse ele, por outro lado, ao destacar as divergências com Trump.

A referência é à infame invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, em Washington, por uma turba de apoiadores insufladas pelo ex-presidente, em 2021. Na ocasião, os congressistas se reuniam para o rito constitucional de certificação da vitória de Joe Biden à Presidência.

Na ocasião, como vice-presidente do país e, portanto, presidente do Senado, Pence foi pressionado por Trump a se opor ou a atrasar a certificação, enquanto milhares de apoiadores de Trump e grupos de extrema direita se reuniam do lado de fora do Capitólio.

Pence não atendeu às ordens de Trump, que incitou os apoiadores a invadirem a Casa. Cinco pessoas morreram na confusão que se seguiu, e alguns dos participantes da invasão gritavam ameaças de morte ao vice-presidente.

O papel de Trump na tentativa de reversão das eleições que culminou na invasão do Capitólio está sob escrutínio em um dos quatro casos criminais em que ele é acusado. É parte da retórica trumpista até hoje que as eleições de 2020 foram fraudadas.

Outro desses casos também é referente ao pleito daquele ano. O ex-presidente e seus aliados teriam se organizado, segundo o processo, para mudar o resultado da eleição no estado da Geórgia, onde o republicano perdeu por apenas 0,02 ponto percentual. Em ligação vazada, ele pede a uma autoridade do estado que "encontre" cerca de 12 mil votos, que seriam necessários para reverter o placar.

Nesta sexta, o juiz Scott McAfee decidiu que a promotora Fani Willis, responsável pelo caso, pode permanecer no processo depois que outro réu no processo apontou uma relação pessoal entre ela e o procurador especial Nathan Wade, que Willis havia indicado para o caso, sugerindo possível conflito de interesses.

O juiz, no entanto, ordenou que Wade deixasse a função. Ele apresentou sua renúncia ainda nesta sexta.

A definição sobre a permanência de Willis no processo em decorrência da relação com Wade acaba com cerca de três meses de impasse que, na prática, haviam pausado a ação na Geórgia em que Trump é réu —o atraso nas ações é parte da estratégia da defesa do ex-presidente para evitar eventual desgaste de uma condenação a sua campanha à Presidência.

O advogado de Trump no caso, Steve Sadow, disse em um comunicado que respeitava a decisão do juiz, mas acreditava que ela não "conferia a devida importância à conduta imprópria dos promotores Willis e Wade".

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