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Ex-presidente da Colômbia, Uribe vira réu por suposto suborno de testemunhas

Acusação ocorre em caso que investiga envolvimento do político com grupos paramilitares; ele afirma ser inocente

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Bogotá | AFP

O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, um dos políticos mais influentes do país sul-americano, virou réu na terça-feira (9) por suposta manipulação de testemunhas e fraude processual em um caso que investiga sua eventual participação em grupos paramilitares.

Em nota, o Ministério Público afirmou que um promotor havia acusado Uribe de ser o mandante de um de suborno de testemunhas. O comunicado não detalha quando começaria o julgamento.

Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe durante entrevista coletiva após reunião com o atual presidente Gustavo Petro, em Bogotá - Raúl Arboleda - 29.jun.2022/AFP

O político, popular pela política de linha dura de seu governo para enfraquecer as guerrilhas colombianas, pode pegar pena de até oito anos de prisão. Nesta quarta (10), ele afirmou que a investigação é motivada por "vinganças políticas" e disse ser acusado "sem provas", em uma mensagem na rede social X.

O caso começou em 2012, quando, então senador, Uribe apresentou uma denúncia contra o congressista de esquerda Iván Cepeda. O ex-presidente acusava o opositor de um suposto complô, produzido com testemunhas falsas, para associá-lo a grupos paramilitares de extrema direita responsáveis por violações de direitos humanos em uma guerra clandestina contra as guerrilhas colombianas.

A Suprema Corte, no entanto, não só se absteve de julgar Cepeda como começou a investigar o ex-presidente em 2018 sob a mesma suspeita: manipulação de testemunhas contra seu opositor.

Em agosto de 2020, o tribunal determinou a prisão domiciliar do ex-presidente enquanto avançava em sua investigação. Em seguida, Uribe renunciou ao seu cargo no Senado e seu caso passou para a justiça comum, que suspendeu a ordem de reclusão contra o político e reiniciou todo o processo.

A Procuradoria-Geral pediu à Justiça para arquivar o caso em várias ocasiões, o que foi rejeitado por juízes que viram evidências suficientes para levar Uribe a julgamento.

Segundo o Ministério Público, essa última movimentação no caso aconteceu após o surgimento de novas provas. Uma delas teria sido uma declaração de Juan Guillermo Monsalve, um ex-paramilitar que garante ter recebido mensagens de Diego Cadena, um dos advogados do ex-presidente no caso, pedindo uma mudança em seu testemunho.

O órgão mudou recentemente de direção. A advogada Luz Camargo assumiu a Procuradoria-Geral há algumas semanas após ser eleita pela Suprema Corte entre três nomes propostos pelo presidente de esquerda Gustavo Petro, inimigo histórico de Uribe.

Em uma mensagem no X, Petro afirmou que seu governo "não persegue nem perseguirá a oposição". "A Justiça pode sempre esperar respeito e proteção à sua independência no meu governo", declarou.

Já Cepeda disse à emissora de televisão estatal RTVC que recebeu a notícia "com muita serenidade, mas também satisfação". "É mais de uma década, praticamente 12 anos, de luta diante dos tribunais. Depois de tantas tentativas para encerrar este caso, por fim aparece a voz da justiça", afirmou ele.

Paloma Valencia, senadora do partido de direita Centro Democrático, disse que Uribe, fundador da sigla, é inocente. "A única coisa que ele fez foi buscar se defender de testemunhos manipulados contra ele."

Esse não é o único caso que Uribe enfrenta na Justiça.

Em novembro do ano passado, por exemplo, o ex-presidente testemunhou no Ministério Público em uma investigação preliminar sobre seu suposto conhecimento sobre um massacre e um homicídio de um ativista de direitos humanos.

Ele também foi denunciado perante um tribunal argentino por supostamente ter envolvimento com mais de 6.000 execuções e desaparecimentos forçados de civis cometidos entre 2002 e 2008, durante seu governo, um caso conhecido como "falsos positivos".

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