Descrição de chapéu Coreia do Sul

Oposição sul-coreana vence eleições legislativas e enfraquece presidente Yoon

Sigla opositora e aliados, porém, dificilmente conquistarão maioria absoluta de 200 dos 300 assentos na Assembleia Nacional

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Seul | AFP e Reuters

A oposição da Coreia do Sul venceu as eleições legislativas realizadas esta quarta-feira (10) e aumentou seu número de deputados, segundo as pesquisas de boca de urna. O cenário cai como uma bomba para o presidente do país asiático, o conservador Yoon Suk-yeol.

Com 99% das urnas apuradas, o Partido Democrático (PD), principal legenda de oposição, e seus aliados conquistariam, segundo dados da Comissão Nacional Eleitoral, mais de 170 cadeiras de um total de 300 na unicameral Assembleia Nacional, contra 156 atualmente. O Partido Poder Popular, de Yoon, e um grupo aliado conquistariam pouco mais de 100 cadeiras, abaixo das 114 na legislatura em fim de mandato.

O partido Reconstruindo a Coreia, fundado recentemente e liderado pelo ex-ministro da Justiça Cho Kuk, conseguiria entre 12 e 14 cadeiras. No início da apuração, a expectativa era de que esse grupo poderia estabelecer uma aliança com o PD, levando a oposição à maioria absoluta de 200 cadeiras —os resultados quase finais, no entanto, indicam que isso tem poucas chances de acontecer.

Os membros do Partido Democrata explodiram em aplausos quando os resultados da votação foram anunciados - Xinhua/Yao Qilin

Os membros do Partido Democrata explodiram em aplausos quando os resultados da votação foram anunciados. O resultado é considerado um golpe duro para o presidente.

Segundo analistas, o atual líder ficaria enfraquecido para os últimos dois anos de mandato e sem capacidade de promover as medidas conservadoras.

Na manhã de quinta-feira (11), noite de quarta no Brasil, o primeiro-ministro do país, Han Duck-soo, ofereceu sua renúncia a Yoon após a derrota —na Coreia do Sul, o premiê não é chefe de governo e é escolhido pelo presidente, com função mais parecida com a de um vice-presidente.

Yoon venceu as eleições presidenciais de 2022 por pequena margem. No poder desde então, estabeleceu uma política de linha dura com a Coreia do Norte, reforçou a aliança com os Estados Unidos e se aproximou do Japão, a ex-potência colonial com a qual a Coreia do Sul mantém divergências históricas.

Mas desde o início do mandato, Yoon teve índices de aprovação abaixo de 30%. A impopularidade é resultado da "ausência de progressos reais nas questões políticas e econômicas internas", disse à AFP Andrew Yeo, cientista político da Universidade Católica da América. "Os preços e a inflação continuam altos, a moradia é cara e a polarização política continua elevada."

O tom da campanha também afastou muitos eleitores. Foi marcado por pouco debate político e muitas frases de efeito, acompanhado por uma onda de discursos de ódio e desinformação.

Yoon também foi afetado pela divulgação de um vídeo, com imagens registradas por câmeras escondidas, que mostram a primeira-dama, Kim Keon Hee, aceitando uma bolsa de luxo Dior avaliada em US$ 2.200 (cerca de R$ 11 mil).

O presente viola as leis sul-coreanas que proíbem os funcionários públicos e seus cônjuges de receber qualquer objeto de valor superior a US$ 750 (R$ 3.770).

Yoon chamou o vídeo de "armação política" e afirmou que sua esposa só aceitou a bolsa porque era incômodo recusar o presente.

Os resultados oficiais não deverão ser divulgados antes das primeiras horas de quinta-feira (11), mas as sondagens de boca de urna em eleições anteriores deram um reflexo bastante preciso dos resultados.

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