Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Agência da ONU fecha sede em Jerusalém Oriental após incêndio criminoso

UNRWA, que atende refugiados palestinos, atribui ataque a 'extremistas israelenses'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Jerusalém | AFP

A UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, anunciou nesta quinta-feira (9) ter fechado sua sede em Jerusalém Oriental depois que "extremistas israelenses" incendiaram duas vezes uma área externa do complexo. Segundo a organização, ninguém ficou ferido, mas funcionários correram riscos.

Philippe Lazzarini, diretor da entidade, escreveu na plataforma X que funcionários da UNRWA e de outras agências da ONU estavam no local no momento em que os incêndios foram provocados, e que o recinto continuaria fechado "até que a segurança necessária seja restabelecida".

Fachada do escritório para a Cisjordânia da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, em Jerusalém Oriental - Ahmad Gharabli - 5.fev.24/AFP

Segundo Lazzarini, foi o segundo "incidente de ódio" que teria sido cometido por extremistas israelenses em menos de uma semana —ele afirmou que manifestantes também atiraram pedras contra funcionários da agência e os edifícios do complexo. "As vidas do pessoal da ONU correram um risco grave", afirmou, alertando que o espaço tem um posto de gasolina para veículos da agência.

As afirmações não puderam ser verificadas de forma independente.

"Nos últimos meses, o pessoal da ONU tem sido regularmente sujeito a assédio e intimidação. Nosso complexo foi seriamente vandalizado e danificado. Em diversas ocasiões, extremistas israelenses ameaçaram o nosso pessoal com armas", disse ele.

Em vídeo publicado no X é possível ouvir os manifestantes gritando "queimem as Nações Unidas" enquanto um homem tenta apagar as chamas que consomem a vegetação com uma mangueira de jardim. Na terça (7), Lazzarini já havia publicado uma gravação de dentro dos escritórios no qual manifestantes aparecem vandalizando o portão de entrada.

O diretor da UNRWA também cobrou de Israel proteção. Nesta quinta, ele afirmou que os extintores e a polícia israelense "demoraram um pouco para aparecer". "É sua responsabilidade, como potência ocupante, garantir que o pessoal e as instalações da ONU estejam seguros em todos os momentos."

Os atos sucedem uma sequência de ataques ao espaço —localizado em uma parte de Jerusalém reivindicada por ambos israelenses e palestinos— nas últimas semanas.

A UNRWA fornece ajuda vital a mais de 5 milhões de pessoas espalhadas pelo Oriente Médio desde que seus antepassados fugiram ou foram expulsos do território conhecido como Palestina durante as guerras que envolveram a criação do Estado de Israel, de 1948 a 1949.

Além de atuar na Cisjordânia ocupada —cuja população é atendida pelo escritório em Jerusalém Oriental— a entidade mantém representações na Jordânia, na Síria e no Líbano e é a maior empregadora da Faixa de Gaza.

A agência é alvo de críticas desde muito antes da guerra em curso. Seus opositores, muitos deles israelenses, afirmam que a própria existência da UNRWA impede que os refugiados palestinos se integrem a novas comunidades e alimenta sonhos de que um dia retornem a um território que hoje pertence à Israel.

Também a acusam de manter ligações com o Hamas, o que a agência nega. Em janeiro deste ano, Tel Aviv acusou funcionários da organização de envolvimento nos ataques que deram início à guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro passado.

"Os autores destes ataques devem ser investigados e os responsáveis devem ser responsabilizados. Qualquer coisa menos que isso estabelecerá um novo padrão perigoso", disse Lazzarin.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.