Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Agência da ONU suspende distribuição de alimentos em Rafah por falta de segurança

Israel ameaça ampliar invasão terrestre contra cidade no sul da Faixa de Gaza que registra crise humanitária

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São Paulo

A UNWRA, a agência da ONU para refugiados palestinos, disse nesta terça-feira (21) ter suspendido a distribuição de alimentos em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza onde Israel ameaça ampliar as ofensivas terrestres em sua guerra contra o Hamas. De acordo com a organização, problemas relacionados ao abastecimento e à falta de segurança na região forçaram a paralisação das atividades.

"Como resultado da operação militar em curso no leste de Rafah, o centro de distribuição da UNRWA e o armazém do PMA [Programa Mundial de Alimentos] em Rafah estão agora inacessíveis", escreveu a agência em uma publicação nas redes sociais.

Palestinos se reúnem para receber alimentos preparados por organização em Rafah, no sul de Gaza
Palestinos se reúnem para receber alimentos preparados por organização em Rafah, no sul de Gaza - Hatem Khaled - 8.mai.24/Reuters

Desde o começo do mês as tropas israelenses estão avançando sobre Rafah, em ações descritas pelas autoridades até aqui como localizadas. No último dia 10, as forças de Tel Aviv cercaram a metade leste da cidade, anteriormente considerada o último refúgio no conflito. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirma que as ofensivas são necessárias para eliminar os últimos redutos do Hamas em Gaza.

Em razão dos ataques, a UNRWA disse no sábado (18) que mais de 800 mil palestinos já tinham fugido de Rafah desde o último dia 6, quando Israel intensificou as ofensivas. A cidade próxima da fronteira com o Egito concentrava até o início do mês cerca de 1,5 milhão de pessoas, a imensa maioria deslocados internos de outras partes do território.

Na ocasião, o chefe da agência, Phillippe Lazzarini, escreveu na plataforma X que "uma vez mais, quase metade da população de Rafah foi forçada a fugir". Segundo ele, o destino principal dessas pessoas foram áreas próximas da cidade de Khan Yunis —muitas delas estariam se abrigando em prédios em ruínas.

Sob cerco total e em consequente crise humanitária desde o início da guerra, há sete meses, Gaza passou a sofrer com mais escassez de alimentos, água potável, medicamentos e combustível desde o começo do mês, quando Tel Aviv tomou o controle do lado palestino de Rafah.

Dias antes, Israel havia fechado outra passagem, a de Kerem Shalom, também no sul de Gaza, em resposta a um ataque do Hamas no local. Atualmente, duas das quatro passagens do território palestino estão abertas para mantimentos pré-aprovados —a de Kerem Shalom, reaberta posteriormente, e a de Erez Ocidental, inaugurada no último domingo (12). Estão bloqueadas Rafah e Erez.

O avanço israelense em Rafah ocorre a despeito do temor manifestado por líderes globais de que a ação iria aprofundar a crise humanitária na região. A ONU diz que a grande maioria da população palestina em Gaza está em insegurança alimentar, com cerca de 1 milhão de pessoas passando fome, segundo dados de março.

Desde o começo da guerra, 35,6 mil palestinos morreram em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. O conflito começou com o mega-atentado do Hamas em 7 de outubro que matou cerca de 1.200 pessoas em território israelense.

Na semana passada, Tel Aviv afirmou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que há uma "guerra trágica" no território palestino, mas não um genocídio, e que acusar Israel desse crime é uma leitura distorcida do direito internacional.

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