Descrição de chapéu União Europeia

Macron recua e diz que reforma eleitoral na Nova Caledônia está suspensa

Em maio, protestos em território francês deixaram mortos e feridos; líderes de etnia local afirmam que expansão do direito de voto reduziria sua influência

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São Paulo

O presidente francês, Emmanuel Macron, recuou e anunciou nesta quarta-feira (12) que suspendeu uma reforma eleitoral planejada para o território ultramarino da Nova Caledônia, na Oceania, depois de a proposta desencadear uma onda de protestos no arquipélago no mês passado, deixando mortos e feridos.

"O projeto constitucional sobre o eleitorado na Nova Caledônia foi suspenso", disse Macron a jornalistas durante entrevista coletiva. "Decidi suspender [a reforma eleitoral] porque não podemos ter ambiguidade durante esse período. Ela deve ser suspensa para dar pleno vigor ao diálogo em curso lá e para o retorno à ordem."

Um homem vestido formalmente com um terno escuro e gravata está em pé diante de um fundo neutro, gesticulando com as mãos enquanto parece estar falando ou discursando. Sua expressão é séria e engajada, sugerindo que ele está abordando um tópico importante.
O presidente da França, Emmanuel Macron, durante entrevista coletiva realizada no Pavillon Cambon Capucines, em Paris - Stephane de Sakutin - 12.jun.24/AFP

Os protestos começaram em 14 de maio, logo após a Assembleia Nacional da França aprovar uma emenda constitucional alterando a legislação eleitoral da Nova Caledônia. O texto ainda passaria por uma sessão conjunta do Parlamento no próximo dia 30.

Hoje, apenas eleitores registrados em 1998 e seus descendentes podem participar dos pleitos regionais. Os deputados franceses querem estender esse direito a qualquer um que more na ilha há pelo menos uma década, o que Paris diz ser necessário para aprimorar a democracia local. Um quarto dos moradores se identifica como europeu, a maioria de franceses.

Mas líderes da comunidade indígena kanak —que compõe cerca de 40% da população e vive no arquipélago desde antes da sua colonização pela França, em meados do século 19— contestam a mudança e afirmam que a expansão do direito a voto reduzirá a sua influência sobre as instituições locais. Para os kanaks, a reforma tornaria mais difícil a aprovação de qualquer futuro referendo sobre independência.

Para controlar as manifestações, as mais intensas desde os anos 1980, Macron chegou a enviar mais de mil agentes de segurança para o território. Nesta quarta (12), o chefe de governo da Nova Caledónia, Louis Mapou, confirmou a morte de mais um manifestante, chegando a um total de nove desde o início dos protestos.

Os movimentos pró-independência já viam a reforma eleitoral como enterrada desde que Macron convocou eleições legislativas após a derrota no pleito para o Parlamento Europeu. "As eleições europeias enterraram o projeto de lei constitucional", disse o Partido da Libertação Kanak (Palika).

O presidente francês esteve na Nova Caledônia em 23 de maio para tentar aplacar a tensão e afirmou que o reforço na segurança seria mantido até quando fosse necessário.

Com Reuters

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