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Le Pen repete Bardella e diz que não governará sem maioria na França

Centro e esquerda aceleram desistências de candidatos para unificar campanha no 2º turno e barrar avanço da ultradireita

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Boa Vista

Marine Le Pen, a líder da ultradireita na França, afirmou nesta terça-feira (2) que seu partido não vai governar o país se não conquistar uma maioria absoluta na Assembleia Nacional após o segundo turno da eleição legislativa previsto para o próximo dia 7.

"Não podemos concordar em formar um governo se não pudermos agir. Isso seria a pior das traições aos nossos eleitores", disse ela em entrevista à rádio France Inter —Le Pen foi reeleita em primeiro turno como deputada pelo 11º distrito do departamento de Pas-de-Calais, no norte do país.

A líder da ultradireita da França, Marine Le Pen, chega à sede do partido, em Paris
A líder da ultradireita da França, Marine Le Pen, chega à sede do partido, em Paris - Dimitar Dilkoff - 2.jul.2024/AFP

A fala repete o presidente do partido e apadrinhado político de Le Pen, Jordan Bardella, que reitera não ter intenção de se apresentar como opção para ser indicado ao cargo de primeiro-ministro caso a RN não obtenha maioria no Parlamento.

Bardella é o mais cotado da legenda para assumir o cargo caso a legenda obtenha a maioria, o que o faria o premiê mais jovem do país, aos 28 anos. As alianças da RN, no entanto, podem não ser suficientes para obter a maioria desejada de 289 deputados.

São 577 os eleitos para a próxima legislatura, um por cada distrito eleitoral da França. O pleito legislativo antecipado, convocado após dissolução do Parlamento pelo presidente Emmanuel Macron em junho, acontece em dois turnos.

Além da maior bancada para a RN, as projeções indicam ainda uma composição eleitoral que já se desenha como mais um obstáculo para a desejada maioria absoluta da ultradireita: a boa pontuação do bloco unido à esquerda, em segundo nas pesquisas, e da aliança de centro de Macron, em terceiro.

Isso resulta em centenas de segundos turnos em que três candidatos disputam o cargo.

De acordo com o jornal Le Monde, mais de 200 distritos eleitorais já registram desistências dos terceiros colocados para que esquerda e centro unam suas campanhas pelo nome com mais apoio no primeiro turno e contra o candidato local da ultradireita. Antes dessa movimentação, projeções indicavam de 250 a 300 cadeiras para a RN.

Assumindo que nenhum grupo tenha uma clara maioria após domingo, políticos de todo o espectro partidário têm proposto diferentes maneiras de manter um governo funcional até a conclusão do atual mandato de Macron, que vai até 2027. Ele não pode tentar a reeleição.

O último primeiro-ministro, Gabriel Attal, que assumiu a face pública da campanha do campo macronista, sugeriu que partidos de centro-direita, esquerda e centro possam formar alianças eventuais para votar projetos de lei pontuais na nova Assembleia Nacional.

Xavier Bertrand, membro veterano do partido de centro-direita Republicanos (LR), hoje rachado pela decisão do presidente da sigla, Eric Ciotti, de apoiar a RN, pediu nesta terça um "governo provisório" para administrar a França até a próxima eleição presidencial.

Numa prévia do clima tenso que provavelmente dominaria a política francesa no caso de uma coabitação entre Macron e um governo liderado pela ultradireita, Le Pen se referiu a especulações de que o presidente estaria planejando fazer nomeações a postos-chave do setor público com o objetivo de impedir que a RN implemente suas políticas como "golpe de Estado administrativo".

Ela não apresentou evidências sobre os planos de Macron, e o Eliseu pediu "sangue frio" à líder da ultradireita. "Há 66 anos há nomeações a cada semana, particularmente no verão, independentemente de momentos políticos pelos quais atravessam nossas instituições", disse a Presidência.

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