Justiça da Argentina indicia Fernández por agressão contra ex-primeira-dama

Ex-presidente da Argentina é acusado de lesões graves, ameaças e abuso de poder; peronista nega crimes

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São Paulo

O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández foi acusado formalmente, nesta quarta-feira (14), de crimes relacionados à violência de gênero contra a ex-primeira-dama Fabiola Yáñez. Segundo o jornal argentino Clarín, o Ministério Público ampliou as denúncias contra o peronista após detalhes do caso virem à tona.

Fernández foi acusado de lesões graves, ameaças e abuso de poder. Em um primeiro momento, as autoridades trabalhavam com a hipótese de lesões leves em repetidas ocasiões, mas a Procuradoria expandiu o escopo das denúncias depois que Yáñez prestou depoimento em uma audiência na terça (13).

O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández, um homem com cabelo grisalho e bigode, vestindo um terno escuro e uma gravata vermelha, está olhando para baixo com uma expressão séria. O fundo é desfocado, mas parece ser um ambiente formal, possivelmente um evento ou conferência.
Então presidente argentino, Alberto Fernández participa de cerimônia na Casa Rosada em 2023 - Juan Mabromata - 25.abr.23/AFP

Na primeira vez em que a ex-primeira-dama falou à Justiça sobre o tema, ela acusou o ex-presidente de agressões físicas e verbais frequentes, de cometer terrorismo psicológico, além de constante "assédio telefônico com mensagens intimidatórias". Também disse que o peronista a pressionou a abortar em 2016, quando o relacionamento de ambos ainda era recente.

Fernández se tornou o primeiro presidente argentino da história acusado formalmente de violência de gênero. Ele nega as acusações. Também na terça, o peronista disse em entrevista ao jornal El País que "nunca bateu em uma mulher". Antes, já havia dito que o hematoma que aparece no rosto de Yáñez em uma foto vazada é resultado de um tratamento estético.

Segundo o procurador federal Ramiro Gonzalez, a ex-primeira-dama teve uma "relação caracterizada por assédio e agressões físicas em um contexto de violência de gênero e doméstica". Os crimes, acrescentou ele, foram agravados por uma "relação de poder assimétrica e desigual", que ficou mais evidente depois que o peronista foi eleito presidente.

Gonzalez ainda solicitou cerca de 30 medidas probatórias que incluem a coleta de depoimentos do ex-médico e da ex-secretária de Fernández, além da análise das câmeras de segurança da Quinta de Olivos, a residência oficial da Presidência argentina, de acordo com o jornal La Nacion.

O caso ganhou projeção no último dia 8, quando o Infobae publicou fotos de Yañez machucada, nos olhos e nos braços. A própria ex-primeira-dama as teria enviado a Fernández pelo WhatsApp.

O portal também divulgou supostos trechos de conversas entre os dois. "Isso já não funciona se a todo momento você me bate. Não posso deixar que você me faça isso quando não te fiz nada. Tudo que tento fazer é defender-me, e você me agride fisicamente", escreveu Yañez em uma das mensagens. Em outra, a ex-primeira-dama diz que havia três dias que Fernández a agredia.

A imagem apresenta duas fotos de uma mulher. Na foto da esquerda, ela mostra uma lesão no braço, enquanto na foto da direita, seu rosto exibe um grande hematoma ao redor do olho. Ambas as fotos parecem ser de um relato de violência.
Print do site Infobae mostra fotografias de Fabiola Yáñez que foram anexadas ao processo judicial - Reprodução

Desde então, Fernández teve seu celular apreendido em Buenos Aires, e vieram à tona relatos de funcionários que trabalhavam na residência presidencial corroborando as denúncias de Yañez —eles dizem que o viram puxando os cabelos da então primeira-dama.

Yáñez mora em Madri com o filho pequeno, fruto de seu relacionamento de mais de uma década com o ex-presidente. Desde a denúncia, um juiz argentino pediu reforço à proteção da ex-primeira-dama na Espanha e proibiu Fernández de deixar a Argentina.

O caso abalou a política argentina. Tanto o atual presidente, Javier Milei, rival político, quanto a peronista e ex-chefe de Estado Cristina Kirchner, que foi vice-presidente de Fernández, criticaram o líder pelos supostos atos que lhe foram atribuídos.

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