Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Saiba quem é Yahya Sinwar, o novo líder do Hamas

Autoridades acreditam que ele arquitetou atentados contra Israel; palestino assume posto de Ismail Haniyeh

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São Paulo

Yahya Sinwar foi anunciado como o novo chefe político do Hamas nesta terça-feira (6), uma semana após o assassinato de Ismail Haniyeh, então líder da facção, no Teerã, a capital do Irã.

Ele é conhecido como "o açougueiro de Khan Yunis", uma referência dupla à sua cidade de origem, na Faixa de Gaza, e à fama de ser extremamente violento e radicalizado. Ele foi, ao lado do líder militar Mohammed Deif, morto em um ataque israelense em julho, o arquiteto do atentado contra Israel de 7 de outubro do ano passado, que levou à guerra atual na região.

Líder sênior do Hamas e um dos fundadores da ala militar da facção terrorista, Sinwar, 61, chegou a ser preso por Israel em 1989 e condenado a várias penas de prisão perpétua por seu envolvimento em ataques terroristas. Anos depois, em 2011, ele foi libertado como parte de uma troca de prisioneiros.

Um grupo de homens está reunido em um evento ao ar livre. Um homem em destaque, com cabelo grisalho e barba, usa uma camisa azul e um lenço com padrão preto e branco ao redor do pescoço. Os outros homens ao fundo estão vestidos em camisas escuras e parecem estar prestando atenção ao que acontece à sua frente.
Yahya Sinwar (à frente) foi anunciado como o novo líder político do Hamas no lugar de Ismail Haniyeh, morto em Teerã, capital iraniana, há uma semana - Mahmud Hams - 1º.out.22/AFP

Depois de solto, Sinwar assumiu papel de liderança no grupo terrorista. Em 2017, ele foi eleito líder do Hamas na Faixa de Gaza, substituindo Haniyeh. É conhecido por sua postura rígida e rejeição a compromissos com Israel.

Em dezembro de 2022, ele disse em um comício em Gaza que o grupo palestino Hamas lançaria uma "inundação de combatentes e foguetes" contra Israel.

"Chegaremos até vocês, se Deus quiser, em uma inundação estrondosa. Chegaremos até vocês com foguetes intermináveis, chegaremos até vocês em uma inundação ilimitada de soldados, chegaremos até vocês com milhões de nosso povo, como a maré que se repete", disse no discurso.

Menos de um ano depois, Israel foi surpreendido pelo mega-ataque de 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas romperam barreiras, assassinaram cerca de 1.200 pessoas e fizeram mais de 150 reféns. A resposta israelense já custou quase 40 mil vidas, segundo o Ministério da Saúde ligado à facção palestina.

Autoridades dos Estados Unidos acreditam que Sinwar também está ditando as regras para o Hamas nas negociações sobre um acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns na guerra em curso em Gaza.

Israel, porém, quer vê-lo morto. Após o ataque de outubro, líderes israelenses descreveram o oficial mais graduado do grupo no território palestino como um "morto ambulante".

Tel Aviv chegou a dizer que o assassinato de Sinwar, tido como o arquiteto dos atentados contra Israel, era o grande objetivo do contra-ataque do país na Faixa de Gaza.

Integrantes do Hamas insistem que ele não tem a palavra final em todas as decisões do grupo. Mas, ainda que ele tecnicamente não tenha tido autoridade máxima sobre a facção, seu papel de liderança em Gaza e sua personalidade enérgica deram a ele reputação entre os integrantes da facção.

"Sinwar não é um líder comum. É alguém poderoso, um arquiteto dos acontecimentos", diz Salah al-Din al-Awawdeh, membro do Hamas e analista político que se tornou amigo de Sinwar na época em que ambos estavam presos, em Israel, durante os anos 1990 e 2000.

Sinwar começou sua carreira como um carrasco, que punia e matava pessoas acusadas de colaborar com Israel, antes de ascender a um cargo de liderança após sua libertação da prisão, em 2011, e retorno a Gaza.

Nascido no campo de refugiados de Khan Yunis, o novo chefe do Hamas deu poucas declarações desde o início da guerra e não aparece em público desde então. Embora fosse nominalmente subordinado a Haniyeh, Sinwar tinha sido central na decisão do grupo terrorista de se manter firme na exigência de um cessar-fogo permanente, dizem oficiais dos EUA e de Israel.

Esperar a aprovação de Sinwar retardou muitas vezes as negociações. Os ataques israelenses destruíram grande parte da infraestrutura de comunicação de Gaza, e em algumas ocasiões foi necessário um dia inteiro para enviar uma mensagem a Sinwar e outro para receber uma resposta.

Durante seu tempo em cativeiro, Sinwar aprendeu hebraico e desenvolveu uma compreensão da cultura e da sociedade israelenses, dizem ex-colegas de cela e agentes israelenses que o vigiaram na prisão.

Ele agora parece estar usando esse conhecimento para semear divisões na sociedade israelense e aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Antes de ser preso, Sinwar se destacou como chefe do aparato de segurança Al-Majd, o serviço de segurança interna do Hamas que rastreava e matava palestinos acusados de fornecer informações sobre a facção terrorista ao serviço secreto de Israel.

Sinwar viu Israel eliminar seus mentores, como o xeque Ahmed Yassin e Salah Chehadé, fundador das brigadas Ezzedin Al Qasam, o braço armado do Hamas.

Seu nome está na lista americana de "terroristas internacionais" e ele foi alvo de múltiplas tentativas de assassinato.

No campo político, Sinwar defende uma liderança palestina unificada para todos os territórios ocupados: a Faixa de Gaza, atualmente sob controle do Hamas, a Cisjordânia, administrada pelo Fatah de Mahmoud Abbas, e Jerusalém Oriental.

Tanto líderes do Hamas quanto autoridades israelenses que conhecem Sinwar concordam que ele é dedicado ao movimento em um nível extraordinário.

Michael Koubi, ex-oficial do Shin Bet que interrogou Sinwar por 180 horas na prisão, disse que ele se destacava claramente por sua capacidade de intimidar e comandar.

Koubi uma vez perguntou ao militante, então com 28 ou 29 anos, por que ele ainda não estava casado. "Ele me disse que o Hamas é minha esposa, o Hamas é meu filho. O Hamas para mim é tudo."

Com Reuters e AFP

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