Com a alta da inflação de alimentos e bebidas, o consumidor passa a buscar preços menores e promoções em atacadistas, mas isso tira a importância dos minimercados. A escolha do local de compra varia de acordo com a renda disponível, em momentos diferentes do mês.
"O mesmo cliente tende a ir ao atacarejo fazer uma compra maior quando recebe o salário e, conforme o dinheiro vai acabando, ele troca pelo mercado de bairro para fazer compras pontuais", explica Roberto Kanter, economista e professor dos MBAs de marketing e gestão comercial da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Segundo o especialista, além desta sazonalidade, os varejistas podem se destacar por meio do lançamento de marcas próprias, porque o investimento permite a negociação dos custos desde a fabricação, diferente do que ocorre com itens de fornecedores externos. Assim, é possível absorver o impacto da inflação e oferecer preços melhores.
Mencionado por 31% dos paulistanos entrevistados pelo Datafolha, o Mini Extra utiliza a estratégia por meio do selo Qualitá, diz Frederic Garcia, diretor-executivo de negócios especializados e proximidade do GPA (Grupo Pão de Açúcar), mantenedor da bandeira.
A boa aceitação dos produtos próprios, que são de 10% a 20% mais econômicos quando comparados às marcas-líderes de cada segmento, afirma Garcia, é um dos fatores que ajuda a explicar os resultados positivos obtidos em 2022, ano em que o fluxo de clientes no Mini aumentou e as vendas cresceram mesmo com a inflação elevada.
O mix varia de acordo com os padrões de compra identificados em diferentes regiões, mas as seções de itens perecíveis, como frutas, verduras e frios, ganharam espaço e impulsionaram a recorrência das compras.
Para oferecer ainda mais conveniência, há lanchonetes nas lojas localizadas em bairros comerciais, modelo que representa cerca de 25% das 146 unidades da bandeira. As lojas de vizinhança, dispostas em áreas residenciais, não possuem este serviço, mas contam cada vez mais com produtos prontos para consumo, diz Emerson Colinas, diretor de operações de proximidade do GPA.
Seja por meio de folhetos quinzenais, seja por meio do aplicativo Clube Extra, as promoções são outro recurso aplicado para fidelizar o público conquistado pelo minimercado. No app, os clientes cadastram o CPF e têm acesso a ofertas personalizadas, baseadas no perfil de consumo, e participam de ações de "leve mais, pague menos".
O GPA pretende abrir cem unidades no formato de proximidade em 2023 e, embora o plano esteja mais voltado ao Minuto Pão de Açúcar, a expectativa é que de 15 a 20 sejam do Mini Extra. No ano passado, foram inauguradas seis novas filiais da bandeira, com destaque para a loja localizada na esquina das avenidas São João e Ipiranga, na região central de São Paulo, visitada por 1.200 pessoas por dia.
Aproveitando o processo de verticalização da capital, outra estratégia de expansão envolve a parceria com construtoras para que, sob o conceito de fachada ativa, os novos pontos ocupem o andar térreo dos empreendimentos.
Para Garcia, o modelo é vantajoso ao atender tanto os frequentadores dos prédios quanto os vizinhos das construções. "Com imóveis e apartamentos cada vez menores, a loja de proximidade se torna a despensa de casa. Notamos que há clientes que vão às lojas duas vezes por dia, então isso beneficia o formato."
MINI EXTRA
31% das menções
Fundação
2006, como Extra Fácil, marca que virou Minimercado Extra em 2011 e, em 2017, se tornou Mini Extra
Unidades
146
Funcionários
38 mil em todo o GPA (Grupo Pão de Açúcar)
Faturamento
R$ 46,8 milhões de receita no GPA
Crescimento
18,9% nas vendas líquidas em 2022, considerando as duas marcas de proximidade do GPA (Mini Extra e o Minuto Pão de Açúcar)
Temos uma proposta de valor muito completa e a ambição de que o cliente possa resolver tudo na nossa loja, do pão fresquinho ao arroz, e o nível de atendimento é uma prioridade absoluta para nós. Queremos continuar sendo o melhor vizinho do bairro
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