O piso com cacos de cerâmica do Shoshana Delishop reflete bem o tipo da sua cozinha —acolhedora como casa de vó. E, como os avôs e avós, é uma culinária para se aproveitar enquanto ainda está ao nosso alcance. A casa, que reabriu em estilo renovado em agosto de 2022, é o último reduto judaico no Bom Retiro, no centro de São Paulo.
É certo que o cliente paga um pouco mais do que se fosse visitar a nonna (o percurso para duas pessoas sai na faixa dos R$ 140), mas sentirá um gostinho levemente exótico para o paladar brasileiro e que surpreende pelo que carrega de comida caseira.
É o caso da tradicional língua da Shoshi (R$ 52). Macia e firme, desmancha com o molho pedaçudo de cebola e tomate, encimado por ceboletes. Faz as vezes de uma carne de panela ao lado dos vareniques, pastéis cozidos e recheados com batata.
Boa companhia antes ou durante o prato, o gefilte fish (R$ 18) representa a distinção de um menu sabático. É um bolinho de peixe moído, servido frio, com cenoura e um molho de raiz-forte e beterraba. Complementa a salada de repolho de cortesia, com a justa acidez dos picles, outra especialidade da casa (R$ 15), que preserva um toque de boteco operário em meio às moderninhas cadeiras de praia na calçada.
No frio, vai bem o cassoulet judaico, o tchulent, cozido de feijão-branco com carnes e linguiças bovinas, de porte ibérico (R$ 55). O gostinho de Oriente Médio se reflete no trio de mezzes, porção que inclui homus, ricota caseira e pasta de abóbora apimentada, com torradas e pão pita quente (R$ 36).
Há drinques pouco usuais, como os com kimchi ou salmoura de picles, mas que engordam a conta (na faixa dos R$ 30). Na dúvida, o não alcoólico meshiguene (R$ 15) ajuda a refrescar o conjunto. Para encerrar, antes da convidativa sesta, há o encorpado bolo trançado com chocolate, creme azedo e caramelo (R$ 28), mas o paladar brasileiro abraça melhor o pudim de leite (R$ 18).
Shoshana Delishop
R. Correia de Melo, 206, Bom Retiro, região central, tel. (11) 93386-4774, @shoshana_delishop
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