Shoppings fisgam novo público com restaurantes fora da praça de alimentação

Pesquisa Datafolha revela os centros comerciais preferidos dos paulistanos em cada região

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São Paulo

Há 58 anos, o paulistano mantém um relacionamento sério com os shopping centers —quase bodas de diamante. Eles chegaram com certa timidez, parecendo as antigas galerias de lojas em versões ampliadas, mas foram se transformando e ocupando novas regiões ao redor do centro expandido.

Hoje, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), a capital abriga 56 empreendimentos dos mais diferentes perfis.

Já não se pode mais chamá-los simplesmente de centros de compras. Uma das mudanças mais radicais nessas quase seis décadas de história foi a incorporação de opções de lazer e de serviços.

Ilustração mostra pessoas em um bar
Ilustração de Fido Nesti para O Melhor de São Paulo - Fido Nesti

De acordo com o Censo Brasileiro de Shopping Centers 2023-2024, realizado pela Abrasce, 82% dos entrevistados consideram a variedade de restaurantes, por exemplo, um fator decisivo na hora de escolher que empreendimento frequentar.

Não por acaso, os restaurantes fora da praça de alimentação, que ocupavam 27% dos espaços em 2018, já respondem por 46% da área bruta locável, um crescimento de 70% em seis anos.

A presença de supermercados no mix de lojas é outra imposição para o setor —eles já estão em 49% dos shoppings brasileiros, segundo o censo da Abrasce.

O alinhamento a tais tendências é nítido nos resultados de pesquisa Datafolha que, pela primeira vez, mapeou os shoppings preferidos pelo paulistano em cada uma das cinco regiões da cidade.

Eleito melhor da zona oeste por 16% dos entrevistados das classes A e B, índice que sobe para 34% quando se consideram somente os moradores da região, o Bourbon Shopping São Paulo dispõe de um teatro com 1.500 lugares e de um complexo de cinemas, com sala Imax, que soma 1.943 assentos —não é raro que estejam lotados.

Mas Roberto Manuel Zaffari, diretor da administradora Airaz, afirma que o Zaffari, supermercado de 12 mil m², é um dos mais importantes chamarizes para o público. "É um fator que gera fluxo constante de visitantes e contribui significativamente para o tráfego."

Na zona sul, o foco na oferta de restaurantes sempre fez parte do DNA do MorumbiShopping, eleito o melhor da região por 18% dos paulistanos e por 25% dos moradores locais.

A estratégia é antiga —inaugurada em 1989, a área Gourmet Shopping nasceu para convidar a almoços e jantares mais demorados do que as refeições que acontecem na ruidosa praça de alimentação.

Deu tão certo que o setor já abriga 23 bares e restaurantes de marcas de prestígio na cidade, como Pobre Juan, Pirajá e Barbacoa. E eles continuam ocupando áreas cada vez maiores.

"Já iniciamos uma obra de expansão, que fica pronta no início de 2026 e terá um rooftop com área verde e vista. Assim, teremos como atrair outro perfil de restaurante", anuncia a superintendente do MorumbiShopping, Lívia Franciss.

Conversar com seu entorno e compreender as demandas da vizinhança é requisito fundamental para que um shopping permaneça relevante. Há 40 anos, quando o Center Norte abriu as portas pela primeira vez, a zona norte era outra —e o desafio da administração, naquele tempo, era levar para o outro lado da ponte as novidades que já faziam parte da rotina do paulistano.

Segundo Guilherme Marini, diretor-executivo do Center Norte, essa continua sendo sua missão. "Em outubro de 2023, inauguramos uma expansão de 6.000 m² com 30 lojas, muitas inéditas na zona norte, como Zara, Sephora e Farm. Trazer o desenvolvimento para a região é nosso papel."

Não é por acaso, portanto, que o Center Norte aparece como o melhor da região na pesquisa Datafolha, eleito por quatro em cada dez paulistanos. Entre os moradores da própria zona norte, o índice chega a 67%.

Na zona leste, a evolução do Complexo Tatuapé também corre na mesma velocidade do bairro —e explica por que o empreendimento foi apontado como melhor da região por 21% dos paulistanos.

Interligados aos modais de transporte público e unidos por uma passarela, o Metrô Tatuapé e Metrô Boulevard Tatuapé seguem como shopping centers de apelo popular, com foco em prestação de serviços e atividades de lazer gratuitas.

Uma das mais concorridas é o Projeto Caminhada, que reúne 400 moradores do bairro para práticas saudáveis nas dependências do shopping, de segunda a sexta, antes que as lojas abram as portas.

Só que o bairro está mudando rápido e atraindo novos perfis de moradores, segundo a gerente de marketing Karen Cruz.

"A joalheria Vivara foi ampliada recentemente, temos a única megaloja full price da Puma e também fomos escolhidos para abrigar a loja piloto da Oba Way, novo formato da rede de hortifrúti. Com a mudança do perfil do bairro, grandes marcas têm demonstrado interesse pelo complexo", ela diz.

Enquanto outros shoppings miram no futuro, o Shopping Light, eleito o melhor do centro por 18% dos entrevistados pelo Datafolha, fez da história paulistana seu maior trunfo.

O empreendimento ocupa um prédio icônico —o Edifício Alexandre Mackenzie, de 1929, construído para ser a sede da The São Paulo Tramway, Light and Power Co.— e tem, ao redor, alguns dos principais cartões postais da cidade, como o Theatro Municipal, o Viaduto do Chá e o Edifício Matarazzo. Natural, portanto, que a administração também voltasse suas atenções para o que acontece do lado de fora.

Há seis anos, sempre no último domingo do mês, o Shopping Light promove o Walking Tour, passeio a pé que reúne até 40 pessoas por grupo e tem a companhia de guias especializados na história de São Paulo.

Segundo Rhuann Destro, gerente de marketing e comunicação da Gazit Brasil, que administra o shopping, o grande final acontece no rooftop, revitalizado em 2021, onde hoje está o Espaço Priceless. "Só fala mal do centro de São Paulo quem não sabe como é lindo."


Zona Norte

CENTER NORTE
42%
das menções
Fundação
1984
Unidades
1
Funcionários
1.000, diretos e indiretos
Faturamento
Não divulga
Crescimento
Não divulga

A premiação foi uma surpresa muito boa. Norteamos nossos trabalhos para atender os consumidores, e receber o retorno de uma pesquisa tão conceituada nos dá mais ânimo para aumentar esse legado

Guilherme Marini

diretor-executivo do Shopping Center Norte

Zona Sul

MORUMBISHOPPING
18% das menções
Fundação
1982
Unidades
1
Funcionários
500, diretos e indiretos
Faturamento
R$ 2,7 bilhões (2023)
Crescimento
8,5% (em relação a 2022)

Ficamos muito honrados com o prêmio. Esse reconhecimento do público demonstra que estamos atingindo nossos clientes da forma correta

Lívia Franciss

superintendente do MorumbiShopping

Zona Leste

COMPLEXO TATUAPÉ
21%
das menções
Fundação
1997/2007
Unidades
2
Funcionários
5.000, diretos e indiretos
Faturamento
R$ 1,5 bilhão (2023)
Crescimento
6% (2023)

Estamos lisonjeados. A pesquisa coroa nossos esforços para proporcionar as melhores experiências ao público

Karen Cruz

gerente de marketing do Complexo Tatuapé

Zona Oeste

BOURBON SHOPPING
16% das menções
Fundação
2008
Unidades
1
Funcionários
800, diretos e indiretos
Faturamento
Não divulga
Crescimento
Não divulga

Ser reconhecido como um dos melhores, em uma cidade dinâmica como São Paulo, é motivo de orgulho para toda a equipe

Roberto Zaffari

diretor da Airaz

Centro

SHOPPING LIGHT
18%
das menções
Fundação
1999
Unidades
1
Funcionários
30 diretos e 75 terceirizados
Faturamento
R$ 302 milhões (2023)
Crescimento
10% (1º trimestre de 2024)

O prêmio comprova que temos grande importância para a região que é o coração de São Paulo. Estamos acertando em fortalecer o centro, para que ele volte a ter a relevância que merece

Rhuann Destro

gerente de marketing da Gazit Brasil, administradora do Shopping Light

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