Bar do Luiz Nozoie é o melhor boteco de SP segundo júri da Folha

Na zona sul da cidade, bar é bastião da tradição paulistana na arte da botecagem

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De cima para baixo, prato de frutos do mar ao vinagrete, batida de amendoim, prato de salgados, batida de maracujá e conservas do Bar do Luiz Nozoie
De cima para baixo, prato de frutos do mar ao vinagrete, batida de amendoim, prato de salgados, batida de maracujá e conservas do Bar do Luiz Nozoie - Keiny Andrade/Folhapress
São Paulo

Se você não viveu no século 20, ainda há uma chance de conhecê-lo. Vá ao Bar do Luiz Nozoie, escolhido pelo júri como melhor boteco da cidade. Longe de ser uma armadilha nostálgica, o lugar é um bastião da tradição paulistana na arte da botecagem.

Lá tudo é simples. Você é atendido pelo nome e se sente parte da casa, mesmo que seja a sua primeira vez. À moda antiga, o consumo é anotado à mão em bloquinhos deixados sobre o mostrador. Resiste a velha escola dos tira-gostos frios prontos para consumo e petiscos quentinhos saindo da cozinha a todo momento —estilo que perdeu espaço para simplórias estufas de salgados.

A diligência no atendimento é a síntese do bar. A extensa estante de madeira atrás do balcão guarda muito mais do que memorabilia, badulaques e bebidas nas prateleiras. Respira história e afetividade.

O bar da família Nozoie é discreto. Não é difícil passar batido pela avenida do Cursino, na zona sul de São Paulo, e sequer perceber o botequim, que não exibe letreiro ou luminosos. Fundado em 1962 por seu Luiz Nozoie, que morreu em março deste ano, o estabelecimento é tocado pelos filhos e netos. São poucas mesas dentro do salão ou na calçada. Mas a melhor pedida é ficar no balcão, onde você escolhe facilmente o que petiscar.

Sobre a barra de fórmica ficam tigelas com embutidos e conservas. Se você tiver sorte, vai encontrar o Santo Graal dos tira-gostos: rollmops. Tenras sardinhas enroladas com cebola e pimenta, que demoram quase um mês para ficar prontas. Opções quentes não fazem feio. Pastéis e bolinhos são de comer de joelhos, e a rã empanada é imperdível.

Na parede oposta ao balcão, quadros amarelados pelo tempo com recortes de jornais e revistas, muitos deles já extintos, contam a história do bar, que nasceu como sorveteria. Os periódicos relatam que dona Shizue, esposa de seu Luiz, deixava as cervejas na sorveteira refrigerada. A bebida servida pelos Nozoie segue estupidamente gelada.

Na curva do balcão ficam os clientes que marcam ponto diariamente. A alegria dá o tom da casa, patrimônio imaterial da cidade.

BAR DO LUIZ NOZOIE
Av. do Cursino, 1.210, Bosque da Saúde, região sul, tel. (11) 5061-4554, @bardoluiznozoie

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