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Robson Braga de Andrade: Uma agenda a favor do Brasil

Presidenciáveis concordam em apoiar setor privado

Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, em foto de 2015
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, em foto de 2015 - Avener Prado - 13.ago.15/Folhapress

A CNI (Confederação Nacional da Indústria), que tenho a honra de presidir, recebeu dias atrás, em Brasília, pré-candidatos à Presidência da República para um diálogo sobre o Brasil que desejamos construir a partir das urnas de outubro.

O auditório lotado teve a oportunidade de conhecer o que cada um deles propõe para sairmos dos impasses que se arrastam desde o início da década, quando o crescimento da economia começou a dar sinais de esgotamento. 

Poderíamos tratar das diferenças entre as várias visões apresentadas na ocasião, mas o que mais chamou a atenção foram os consensos. O principal é não haver outro caminho para voltar a crescer com vigor, retomando a criação de empregos que a população exige: é preciso apoiar a atividade empresarial privada. Foi animador saber que a bandeira da liberação das forças produtivas pode unir um amplo espectro político, um pré-requisito para todo o resto. 

Há muitos temas capazes de dividir os brasileiros, especialmente após anos de tensão e acirramento político, mas devemos nos concentrar no que pode nos unir. Na prática, não basta ter boas ideias. Tão ou mais importante é reunir apoio político e social para tirá-las do papel. As ideias não caminham por si. Precisam de quem as mova; quanto mais interação, melhor. 

O governo não tem como gerar, sozinho, a prosperidade dos brasileiros. Quem cria emprego é o empresário. Mas, para que isso aconteça, precisamos que o governo estimule a criação de um ambiente favorável aos investimentos, que traga desregulamentação, crédito e estímulo à inovação. Aliás, esse último aspecto tem sido primordial nas ações da CNI, com a eficiente e correta utilização dos recursos do Sistema Indústria. 

As crises nos ensinam —e a atual reforça essa percepção— que sai mais rápido e melhor delas quem consegue aumentar a produtividade com base em incorporação de tecnologia de ponta e alta qualificação da força de trabalho.

Sem isso, não haverá como o Brasil competir num mundo globalizado em que, paradoxalmente, recrudesce o protecionismo. Essas circunstâncias fazem com que, hoje, lutar pelos mercados seja um desafio maior a cada dia.
 
O Brasil precisa desviar do caminho fácil das polarizações ideológicas e seguir por um pragmatismo progressista se quiser vencer em escala global. Temos que evitar tanto a abertura indiscriminada e ingênua quanto as barreiras que buscam proteger artificialmente segmentos e grupos pouco afeitos à modernização. É ingenuidade achar que o livre mercado nos salvará por si só. 

A indústria brasileira está pronta para oferecer ao país uma via de retomada do crescimento econômico. Para isso, é necessário o essencial: que o próximo governo cuide, finalmente, do equilíbrio fiscal, sem aumento de impostos; da qualidade da nossa educação e da infraestrutura; e da necessária liberdade para empreender, com a fundamental segurança jurídica.

Se regulamentar fosse solução, talvez já estivéssemos entre os países mais bem desenvolvidos da Terra. Essas são as linhas mestras dos 43 estudos setoriais que a CNI está entregando a todos os presidenciáveis, com diagnósticos e sugestões de ações cruciais para que o Brasil não fique para trás na chamada quarta revolução industrial e em dissintonia com o mundo desenvolvido.

A campanha eleitoral está prestes a começar oficialmente, com o registro das candidaturas dos diversos partidos. Existem bons nomes na disputa. Podemos fazer desta eleição uma oportunidade para rediscutir o Brasil. Nosso maior desafio será eleger um presidente que, de fato, tenha coragem e habilidade para enfrentar os desafios da nação.

Não menos importante será a eleição de uma maioria parlamentar comprometida com as reformas necessárias para a retomada do desenvolvimento econômico e social. Só assim será possível chegarmos a 2022, quando o Brasil comemora 200 anos de independência, sem o eterno epíteto de "país do futuro".

Robson Braga de Andrade

Presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e empresário

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