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Chris Daniels

Como o WhatsApp combate a desinformação no Brasil

Temos a responsabilidade de amplificar o bom e mitigar o mau

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Homem utiliza smartphone com redes sociais - Arun Sankar - 22.mar.18/AFP

Todos os dias, milhões de brasileiros usam o WhatsApp para ter conversas particulares, seja para falar com colegas sobre questões de trabalho, falar com um professor sobre as notas dos filhos, pedir uma orientação a um médico, discutir política com suas famílias ou até mesmo denunciar um crime à polícia. As pessoas valorizam a importância da privacidade, e temos trabalhado duro nisso à medida que o WhatsApp cresce.

Hoje, mais de 90% das mensagens enviadas no WhatsApp no Brasil são entre duas pessoas. A maioria dos grupos tem ao redor de seis pessoas —uma conversa tão pessoal e privada como a que acontece em uma sala de estar. E, pelos limites que temos ao tamanho dos grupos, uma única pessoa precisaria criar perto de 4.000 grupos para atingir 1 milhão de pessoas. Isso é muito diferente de plataformas de distribuição de conteúdo (como uma praça pública global) em que você pode atingir uma audiência de milhões de pessoas apertando um botão.

Para manter essa característica pessoal e privada do WhatsApp, nós começamos a testar neste ano um limite do número de vezes que uma pessoa pode encaminhar um conteúdo para 20 conversas. Antes, as pessoas podiam encaminhar uma mensagem para 256 conversas. Esse teste foi baseado na ideia de manter o WhatsApp como um ambiente para conversas privadas.

Então não foi uma surpresa que, quando alguns políticos declararam na semana passada que lutariam para o WhatsApp aumentar o limite de encaminhamento de mensagens de 20 para 200 pessoas, outros pediram que o WhatsApp fizesse exatamente o contrário: limitasse ainda mais o encaminhamento de mensagens.

O debate trouxe luz a uma tensão corrente que vemos no Brasil e que trata de uma grande realidade: quando você conecta mais de 1 bilhão de pessoas em países e culturas diferentes, você verá tudo de bom que a humanidade pode fazer, mas também algum abuso.

Embora o desejo de disseminar e consumir informação nociva sempre existiu, a internet certamente tornou isso mais fácil. E como informação —boa e ruim— pode viralizar no WhatsApp mesmo com os limites que estabelecemos, temos a responsabilidade de amplificar o bom e mitigar o mau.

Isso é especialmente importante em períodos eleitorais. Eleições livres e justas estão no centro da democracia, e a desinformação pode ser um grande desafio. A seguir, o que estamos fazendo a respeito disso:

- Estamos removendo centenas de milhares de contas por spam. Pessoas mal-intencionadas usam computadores para gerar uma grande quantidade de contas. Mas, com avanços em tecnologia, nós agora podemos encontrar mais facilmente pessoas mal-intencionadas antes que elas compartilhem spam e notícias falsas.

- Estamos adicionando um rótulo a mensagens que são encaminhadas. Isso ajuda as pessoas a entender que o conteúdo não foi escrito pela pessoa que o enviou.

- Estamos dando mais controle aos administradores sobre os grupos que eles criam. Por exemplo, os administradores podem agora decidir quais pessoas podem enviar mensagens. Também fizemos mudanças para prevenir que pessoas sejam repetidamente adicionadas ao mesmo grupo do qual decidiram sair.

- Estamos trabalhando com iniciativas de checagem de fatos no Brasil, como o Comprova, grupo que envolve 24 organizações de mídia no Brasil. Dezenas de milhares de mensagens com pedidos de checagem foram recebidas por WhatsApp. Também estamos trabalhando com organizações como a Énois, uma escola de jornalismo para treinar estudantes a desmistificar rumores nos grupos de familiares e amigos no WhatsApp.

- Estamos aumentando a conscientização sobre o problema. Nossa campanha pública de educação —"Compartilhe fatos, não boatos"— foi desenvolvida para chegar a mais de 50 milhões de brasileiros para ajudá-los a identificar notícias falsas e evitar sua disseminação. Também estamos trabalhando com o InternetLab para criar vídeos educacionais sobre como usar o WhatsApp de maneira responsável e segura, incluindo como se comportar de forma respeitosa em grupos de família e pensando antes de compartilhar.

- Estamos trabalhando com as autoridades. Nós nos reunimos com mais de 1.400 policiais, procuradores e autoridades do Judiciário em dez cidades, além de 600 juízes eleitorais, para explicar como eles podem trabalhar com o WhatsApp durante suas investigações. As informações que podemos compartilhar são limitadas e não incluem o conteúdo das mensagens, porque o WhatsApp usa criptografia de ponta a ponta. Também nos encontramos com todos os partidos políticos e com as 13 campanhas presidenciais no Brasil para mostrar como usar o WhatsApp de modo responsável durante a eleição.

A luta contra a desinformação é um desafio permanente para a sociedade. Para avançarmos, precisamos de todos —de empresas de tecnologia à sociedade civil, governo e usuários. O WhatsApp está comprometido nessa batalha.

Chris Daniels

Vice-presidente do WhatsApp e ex-vice-presidente do Facebook responsável pelo Internet.org; formado em ciência e engenharia, com pós-graduação pela Duke University (EUA)

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