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Pedro Jobim

O mercado financeiro faz uma aposta correta em Jair Bolsonaro? SIM

Presidente ante fácil escolha

O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), em entrevista coletiva em 11 de outubro - Ricardo Moraes - 11.out.18/Folhapress

Sim. No nosso entendimento, o eventual governo Bolsonaro terá condições de conduzir o Brasil a uma trajetória sustentada de crescimento.

O ponto central é a reforma da Previdência. O texto negociado no governo Temer, pronto para ser votado pela Câmara, se combinado a algumas outras medidas (como a revisão na regra de reajuste do salário mínimo), limita o crescimento da dívida bruta a 81% do PIB.

Muitas outras medidas podem complementar esse ajuste e tornar a trajetória da dívida estável ou mesmo cadente --mas, em nossa visão, a perspectiva de estabilização da dívida pública seria suficiente para levar à recuperação da confiança dos empresários e investidores e induzir o crescimento. 

No entanto, Bolsonaro, uma vez eleito, não o terá sido por suas propostas de equilíbrio fiscal. Suas principais plataformas incluem o combate à corrupção, à criminalidade, e uma pauta conservadora nos costumes. 

Por que, então, ele subscreveria a pauta econômica de seu assessor Paulo Guedes, que propõe não só prioridade na aprovação da reforma da Previdência, mas, também, privatizações, orçamento base zero e outras medidas que só há pouco foram incorporadas ao discurso do candidato? 

A resposta é simples, a despeito de o histórico de Jair Bolsonaro como deputado legitimar dúvidas em relação à escolha que terá que fazer muito em breve --apoiar ou não a reforma da Previdência. Um argumento é crítico para deduzir a opção do futuro presidente: as contas públicas não possuem margem de manobra.

O adiamento da reforma conduzirá a uma explosão da dívida pública, que jogará o país de volta à recessão, e inviabilizará o governo. Essa eventual procrastinação possivelmente levaria Guedes e sua equipe ao abandono do projeto, o que agravaria a credibilidade do governo.

Bolsonaro mostrou-se um político dotado de senso de oportunidade e intuição incomuns. É também um homem inteligente. Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras, onde ingressou por concurso público notoriamente difícil e concorrido. Percorreu o Brasil e está sintonizado com os problemas do país. Está muito bem assessorado por profissionais da estatura de Paulo Guedes, Hamilton Mourão, Augusto Heleno e muitos outros.

Em função das crises e incertezas dos últimos anos, o país carrega elevado estoque de investimentos represados, prontos para serem ativados. A inflação está baixa, fruto do excelente trabalho do Banco Central. Feita a reforma da Previdência, a confiança trará o crescimento.

A ociosidade dos fatores de produção é tão grande que o país poderá crescer, por alguns anos, a taxas superiores a 3%, bastando, para isso, oferecer aos agentes a perspectiva de solvência do Estado.

Outros argumentos dos céticos com o futuro governo são muito piores. Falta de experiência da equipe? Os presidentes FHC, em 1994, e Lula, em 2002, e seus respectivos times tinham pouca ou nenhuma experiência no Executivo, mas demonstraram boa capacidade de execução. Governabilidade? A inflexão do eixo politico sugere que obter maioria constitucional no Congresso não será tarefa mais difícil do que o foi em governos passados.

O Brasil está prestes a experimentar um ciclo de crescimento que pode ser relativamente longo. Bolsonaro saberá fazer as escolhas corretas e pode passar à história com a melhor média de crescimento entre os presidentes desde a redemocratização.

Pedro Jobim

Engenheiro mecânico-aeronáutico pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e doutor em economia pela Universidade de Chicago; sócio e economista-chefe da Legacy Capital

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