Momentum, diz a literatura, “é impulso, quantidade de movimento, é o produto da massa pela velocidade do corpo”. E acrescenta: “produzido o momentum, ele deve ser imediatamente aproveitado quando está em ação”.
Os problemas que enfrentamos, como a Previdência, a educação, a desigualdade, os problemas fiscais, e a vontade de resolvê-los produziram um momentum que não pode ser desperdiçado. Está no ar um sentimento de urgência que não pode ser ignorado sob pena de vivermos a estagnação como condição natural.
Feita a reforma da Previdência, seremos incompetentes se não viabilizarmos projetos que ajudem o país a sair da letargia.
A enorme quantidade de obras represadas é alarmante, mas isso oferece uma oportunidade única para a recuperação da infraestrutura nacional: portos, ferrovias, rodovias, aeroportos, metrôs etc.
Nosso setor vive um momento de relativo otimismo, uma vez que temos agora uma equipe competente e politicamente articulada no Ministério da Infraestrutura. E em estados como São Paulo a capacidade técnica e a disposição de construir e racionalizar esforços também estão presentes.
Assim, estão dadas as condições para que ganhemos impulso e tomemos uma trajetória virtuosa, em um novo momentum para a economia nacional.
O Brasil tem ficado muito atrás do bloco de países que olham para a infraestrutura com respeito. Tivemos melhorias em um período recente, mas voltamos a encolher e hoje investimos menos de 1% do PIB, enquanto o Chile fica em torno dos 5%, o Peru, 4,2%, e a Índia, 6%. A China, caso à parte, tem investido mais de 10% de seu PIB em infraestrutura.
Por aqui o desafio é encontrar os meios e modos de valorizar a tríade técnica-gestão-regulação para liberar a energia realizadora que vimos represando. Um bom exemplo é o Programa de Parcerias de Investimentos, no qual Brasília incluiu 59 projetos para concessão, o que injetaria na economia R$ 1,6 trilhão nas próximas décadas, criando milhares de empregos.
Este “momentum da infraestrutura”, este impulso para sair do marasmo, não pode ser desperdiçado. Se o país se empenhar em consumá-lo, voltará a crescer entre 3% e 4% ao ano.
Como engenheiro que dedicou a vida profissional à infraestrutura —e agora como presidente de uma empresa de capital aberto que investiu mais de R$ 42 bilhões nos últimos 20 anos—, sinto-me confortável em afirmar que o setor de construção pesada e nossos operadores de infraestrutura têm condições para enfrentar esse enorme desafio.
Os eventos que desgastaram as empresas do setor (inclusive a companhia que dirijo, que realizou profunda revisão em suas práticas, reforçando o compliance e reestruturando sua organização), embora equacionados, demandam vigilância permanente e agilidade nas decisões.
Enfim, o terreno está preparado para que lancemos as sementes da retomada.
Há projetos importantes espalhados por todo o país. Há vontade política, capacidade tecnológica, conhecimento e experiência para que aproveitemos este momentum, reprisando o que vivemos nos anos 1950, nos anos 70 e mesmo nos anos 2000, deixando para trás esta grave crise que nos paralisa desde 2013.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.