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Osmar Terra

O plantio de maconha para fins medicinais deve ser liberado no Brasil? NÃO

Farsa 'medicinal': Anvisa tem apoio de empresas e não pensa na saúde

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O ministro da Cidadania, Osmar Terra - Sergio Lima - 28.nov.18/Folhapress

Embalada por poderosos interesses econômicos de empresas estrangeiras e de lobistas brasileiros, uma campanha está em curso no Brasil: a legalização das drogas ilícitas, começando pelo plantio da maconha para “fins medicinais”. Um plantio proibido por lei, assim como o das plantas que originam o crack e a cocaína, o ópio e a heroína. 

Essas plantas podem ter na sua composição uma ou outra molécula com algum efeito medicinal. Por que, então, não permitir seu plantio? Porque 99,9% das centenas de moléculas que as compõem têm efeito devastador sobre a saúde de quem usa, destruindo a vida pessoal, familiar e social de milhões de pessoas!

O que a Anvisa está tentando, com o apoio das empresas internacionais, é quebrar o paradigma da proibição, como já foi feito em poucos países, que acabaram legalizando o consumo da maconha. Nessa estratégia bem articulada, o primeiro passo seria a descriminalização do uso; depois, a liberação da maconha medicinal; em seguida, a permissão do seu uso recreativo; e, logo após, a legalização de todas as drogas, deixando que o mercado regule seu uso. 

Uma ação que interessa economicamente a uma pequena, mas influente, parcela da sociedade, com o apoio de parte da imprensa. Essas empresas não estão preocupadas com a saúde das pessoas, mas em ganhar muito dinheiro com a disseminação do vício. A Anvisa vai nessa direção, apoiando empresas. Alegam preocupação com o tratamento para doenças raras em crianças. Argumentam que querem facilitar o acesso ao canabidiol, molécula presente na composição da planta da maconha. Usam, como escudo, as mães aflitas dessas crianças, exibindo seu desespero para comover o público e justificar o plantio.

O argumento dissimulado é o de que a maconha é remédio e deveria ser liberado o plantio. Nada mais falso! No cigarro de maconha existem mais de 480 substâncias que causam danos à saúde. Uma delas, o THC, causa transtornos mentais agudos e crônicos, desencadeia a esquizofrenia, incurável, e transtornos de humor como a depressão, com risco maior de suicídio. Produz retardo mental em graus variados. Além disso, a maconha causa dependência química, também incurável. E, quanto mais jovem o usuário, maior o risco: atinge 50% entre os que usam com frequência na adolescência.

Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, 83% dos dependentes de crack e heroína começaram nas drogas ilícitas com a maconha. Estudos comprovam que o cigarro da maconha causa mais câncer de pulmão que o de tabaco.

Afirmar que fumar maconha ou usar seus óleos derivados pode ser tratamento é uma manipulação absurda. Cria uma ilusão que pode levar milhares de jovens a usá-la despreocupadamente. Perguntem o que acham disso milhões de mães brasileiras que perderam seus filhos para as drogas! Isso não impede, porém, que uma molécula, como o canabidiol, não possa ter efeito benéfico em alguma doença rara. 

Hoje já existem medicamentos à base de canabidiol nas farmácias e está em fase final de testes o canabidiol totalmente sintético. Portanto, não sou contra o uso do canabidiol, como tentam me acusar. 

O governo deve prover esse tratamento pelo SUS. Agora, é desnecessário generalizar o plantio de maconha para tratar os casos raros em que o canabidiol possa ter efeito. E aqui falo de estudos científicos comprovados e não da falsa panaceia que as empresas divulgam. Uma coisa é usar determinada molécula de uma planta para fins medicinais. Outra é usar isso como desculpa para se drogar. Usar drogas nunca foi nem será tratamento para qualquer doença, muito pelo contrário!

Osmar Terra

Médico, deputado federal (MDB-RS) e ex-ministro da Cidadania

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