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Shinichi Kitaoka

A Cátedra Fujita-Ninomiya

Faculdade de Direito da USP homenageia dois notáveis nikkeis

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Shinichi Kitaoka

Esta é minha segunda visita ao Brasil como presidente da Jica, a Agência de Cooperação Internacional do Japão. Desta vez, a visita, que seguirá deste sábado (2) até terça-feira (5), tem como objetivo proferir uma palestra especial na Cátedra Fujita-Ninomiya, na Faculdade de Direito da USP.

Desejo que nesta oportunidade mais brasileiros tomem conhecimento sobre esta iniciativa e também compartilhem do nosso sentimento no tocante à importância do intercâmbio humano e de pesquisa. Gostaria de falar sobre a relação nipo-brasileira, minhas experiências e sobre o futuro da cooperação entre os dois países.

 
Shinichi Kitaoka - Presidente da Jica
O professor e doutor em direito Shinichi Kitaoka, presidente da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) - Divulgação

Quando vim ao Brasil, em 2017, revivi na minha mente, com muita clareza, o encontro que tive há mais de 40 anos na Universidade de Tóquio com dois estudantes estrangeiros vindos do Brasil, de quem eu próprio fui professor de japonês.

Esses dois estudantes são o saudoso Edmundo Fujita, que mais tarde veio a se tonar o primeiro diplomata brasileiro descendente de japoneses, e  Masato Ninomiya, professor da Faculdade de Direito da USP e um dos maiores especialistas do mundo jurídico.

Os dois trabalharam duramente para fortalecer as relações entre Japão e Brasil, tanto em termos diplomáticos como de formação de recursos humanos. Foi em reconhecimento aos feitos desses grandes nikkeis que a Cátedra Fujita-Ninomiya veio a ser criada na Faculdade de Direito da USP, onde ambos se graduaram.

O Japão é o primeiro entre os países não ocidentais que se modernizou e, mantendo as tradições, promoveu a construção de uma nação democrática que busca a liberdade e a paz. A Cátedra Fujita Ninomiya visa fomentar os estudos sobre essa moderna experiência de desenvolvimento do Japão, que é diferente da europeia e da americana, com vistas a formar os sucessores de pessoas como Fujita e Ninomiya. O Japão e o Brasil mantêm uma relação de amizade de longa data e espero que, com este curso, o entendimento recíproco dos dois países seja promovido.

A presença do Brasil na arena internacional aumenta a cada dia. De 2004 a 2006, quando eu ocupava o cargo de embaixador das Nações Unidas, a reforma do Conselho de Segurança da ONU ganhava impulso.

Brasil e Japão, juntamente com Índia e Alemanha, formaram o G-4 e buscaram um lugar para os dois países dentro da ONU como aliados que anseiam pelo desenvolvimento e pela paz mundial. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visitaram a matriz da Jica em Tóquio, quando trocaram opiniões sobre preservação da floresta amazônica, agricultura sustentável e melhoria do ambiente urbano. Compartilharam, ainda, a percepção de que os resultados que serão obtidos do desafio nipo-brasileiro frente a essas questões estão diretamente ligados à resolução das questões globais.

Em 2019 comemoramos o 60º aniversário da cooperação internacional entre Japão e Brasil. Neste ano comemorativo, em que foi criada a Cátedra Fujita-Ninomiya, desejo sinceramente que as pessoas que aprenderem sobre a história do Japão demonstrem liderança na sociedade como especialistas e apoiadores do Japão e que contribuam não só para o desenvolvimento dos dois países, mas também atuem como força motriz para a resolução de questões de escala global.

Shinichi Kitaoka

Doutor em direito, professor emérito da Universidade de Tóquio e presidente da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica)

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