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2ª marcha

Após decepções, dois últimos trimestres indicam alguma aceleração da economia

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Obras do governo federal na BR-116, no Rio Grande do Sul - Marcos Nagelstein

Desde o fim da recessão de 2014-16, marés de pessimismo e de otimismo moderado se alternam em meio à lenta recuperação da economia. Entre o temor de recaída e esperanças de retomada, o que se viu desde 2017 foi um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) pouco superior a 1% ao ano. 

Depois do receio de retração que se disseminava por volta de abril, a maré de expectativas positivas volta a subir com os números modestos, mas azuis, do terceiro trimestre deste ano —uma expansão de 0,6% do PIB. Há agora motivos para apoiar um recatado otimismo. 

A reforma da Previdência conteve riscos de desarranjo maior das contas públicas, o que contribuiu para a redução das taxas de juros. Outras mudanças institucionais têm sido implementadas.

Note-se que a expansão da economia, quando considerado o período de 12 meses encerrado em setembro, ainda não passa de 1%. No entanto o ritmo dos últimos dois trimestres, se continuado, levaria o país a crescer 2,2% ao final de 2020.

De mais positivo, registrou-se alguma alta nos investimentos, em particular na construção civil residencial. A infraestrutura ainda padece da penúria dos governos e do ainda mínimo programa de concessão de obras e serviços públicos à iniciativa privada —que não deve ganhar ímpeto antes de 2021, na melhor das hipóteses.

Houve avanço da indústria extrativa, após os desastres na produção de minério de ferro e o progresso na exploração de petróleo. A indústria de transformação ficou entre a estagnação e o recuo, afetada pelo andar mais vagaroso da economia mundial, pela crise argentina e por problemas crônicos de competitividade.

O crescimento tende, pois, a depender do consumo das famílias e da construção civil, incentivados por crédito. Juros baixos, porém, dependem de mais reformas.

É essencial aprovar medidas como os gatilhos de contenção de gasto com servidores; acelerar a concessão de obras de transporte, a nova lei do saneamento, as mudanças no setor de óleo e gás; eliminar a trava regulatória que atrasa investimentos em telecomunicações, como no caso das redes 5G.  

Também fundamental, o país precisa de estabilidade democrática e tranquilidade de espíritos, em si mesmos valores fundamentais e requisitos do desenvolvimento. Há que criar a expectativa de um período longo de tranquilidade e reformas contínuas para que a recente esperança na retomada não seja apenas maré passageira.

editoriais@grupofolha.com.br

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