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Paz uruguaia

Presidente eleito do país vizinho dá mostra de tolerância, observada no pleito

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O presidente eleito do Uruguai, Luis Lacalle Pou - Nicolás Celaya/Xinhua

Após 15 anos de governos de centro-esquerda, o Uruguai moveu seu pêndulo ideológico com a vitória de Luis Lacalle Pou, 46, nas eleições presidenciais.

O triunfo sobre o adversário governista, Daniel Martínez, da Frente Ampla, se deu por margem bem menor que a apontada pelas pesquisas, em diferença de apenas 1%.

Embora os últimos três mandatos tenham trazido bons resultados ao país, que manteve invejável estabilidade política e econômica, a coalizão situacionista se desgastou na gestão do atual chefe do Executivo, Tabaré Vázquez.

Dois fatores parecem ter contribuído para tal. O primeiro foi a economia, que depois de apresentar durante uma década expansão média acima dos 5%, tem amargado taxas pífias nos últimos três anos. O país enfrenta, ademais, um rápido e expressivo aumento dos índices de violência urbana.

No contexto latino-americano, a ascensão de Lacalle Pou mantém o padrão recente de alternância de poder, da esquerda para a direita ou vice-versa, como já observado no Chile, na Argentina, na Colômbia, no México e no Brasil.

Internamente, porém, não devem ser esperadas mudanças bruscas. A despeito de ter contado com o apoio de forças mais conservadoras no segundo turno, o presidente eleito anunciou, por exemplo, que não pretende reverter avanços no campo dos direitos civis, como as leis do aborto e do casamento gay.

Apenas a legalização da maconha deve sofrer alterações, mas Lacalle Pou já afirmou que manterá a possibilidade de os usuários plantarem a própria erva.

A mesma atitude conciliadora se viu, felizmente, nas declarações do uruguaio acerca do Mercosul, cujo fortalecimento defendeu.

O espírito de tolerância e civilidade, por fim, foi a marca de todo o processo eleitoral —e constitui exemplo a ser louvado numa América do Sul plena de conflagrações.

editoriais@grupofolha.com.br

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