Os resultados do Pisa —a avaliação trienal conduzida pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que busca comparar o desempenho de alunos de 15 anos em 79 países— revelam as deficiências e, pior, a estagnação do ensino no Brasil.
Além de não ter registrado melhora nas três habilidades medidas (leitura, matemática e ciências) na última década, o país ganha triste destaque pela quantidade de adolescentes que não atingem o desempenho considerado mínimo.
Em leitura, por exemplo, tal patamar significa ser capaz de identificar a ideia principal de um texto de tamanho moderado; encontrar informações com base em critérios explícitos, ainda que complexos; e refletir sobre a forma e função de um escrito, quando provocado.
Só metade dos brasileiros de 15 anos demonstrou essas habilidades em 2018, segundo o teste da OCDE. A média entre os países mais desenvolvidos é de 77%.
Em matemática, a situação é ainda mais desalentadora. Menos de um terço de nossos estudantes conseguem identificar situações cotidianas que podem ser convertidas em operações matemáticas simples, como a comparação de preços em diferentes moedas.
O relatório indica que o mau resultado do país não se explica apenas por escassez de renda ou gasto público —ficamos atrás de nações com gasto per capita similar, como Turquia, Ucrânia e Sérvia.
A OCDE acertadamente destaca em seu relatório a importância da promoção de mais igualdade na educação, fator decisivo para as chances de ascensão social.
No caso brasileiro, os provedores de ensino básico são os estados e municípios, aos quais compete a busca urgente por qualidade —a administração paulista, em particular, deve um desempenho à altura de seus meios. Espera-se ainda que a recente reforma do nível médio reduza as taxas de evasão.
Ao governo federal cabe estabelecer diretrizes gerais, como a base curricular nacional. O ministro Abraham Weintraub, entretanto, mantém-se mais empenhado em batalhas ideológicas de Itararé.
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