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Vinicius Lummertz

Estado empreendedor

Investir no desenvolvimento do turismo estimula criação de vagas

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As teses do Estado mínimo são discutidas e defendidas desde o século 18. Pregam a limitação da atuação do poder público às áreas de educação, saúde e segurança, evitando as interferências no campo econômico, que devem se equilibrar pela relação entre os agentes privados.

Pouco, contudo, tem sido falado sobre o conceito de Estado empreendedor. As ideias não se contrapõem. Naquele, a interferência é considerada desequilibrante; neste, atua positivamente também como a “mão invisível”, termo caro aos liberais.

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O secretário de Turismo do estado de São Paulo, Vinicius Lummertz - Alberto Rocha - 15.mar.18/Folhapress

Em São Paulo, no setor de turismo, temos um caso clássico que está passando por revisão. Neste ano repassamos R$ 180 milhões para as estâncias e municípios de interesse turístico e temos mais R$ 247 milhões a serem conveniados. A novidade é que, a partir do próximo ano, haverá um ranking que avaliará o mérito dos municípios. Os repasses continuarão, mas terão como critério a efetividade do investimento.

O termo “investimento” deve ser entendido da maneira ampla: a aplicação de tempo, de recursos financeiros ou econômicos e de esforço visando um objetivo, um retorno. O ranking não tem uma razão punitiva, mas irá premiar a eficiência e a boa execução.

Os investimentos devem ser feitos em obras de infraestrutura que melhorem os municípios e, assim, permitam, incentivem e provoquem o setor privado para a criação de produtos turísticos que depois serão consumidos pelos visitantes. Este dínamo positivo chega ao cidadão, ao morador, na medida em que cria empregos e gera renda.

Essa ação indutora é importante. As indústrias, que até os anos 1980 eram grandes geradoras de emprego, vêm diminuindo a cada década. O desenvolvimento tecnológico e a automação mitigam a necessidade da mão de obra, principalmente a de início de carreira, quase sempre menos especializada. O mesmo acontece na agropecuária, onde o maquinário moderno aumenta a produtividade, mas demanda menos empregados.

Já o turismo é um setor de mão de obra intensiva. Mais hotéis geram mais empregos, assim como restaurantes, realização de eventos, parques temáticos ou naturais e os mais diversos atrativos.

Importante: são vários tipos de mão de obra. Daí a necessidade de um Estado empreendedor que crie as condições para o desenvolvimento do turismo. O ganho se dá no investimento para a realização das obras e, depois, no incentivo ao desenvolvimento e à criação dos negócios privados.

Não bastassem essas vantagens, os investimentos feitos no estado de São Paulo atingem mais de 200 municípios —e cada um, de acordo com suas peculiaridades e vocação, decide a melhor aplicação.

Ao adotar essa postura de empreendedor no turismo, o Estado cumpre sua obrigação sem interferir negativamente nas relações privadas; ativa a economia ao optar claramente por atividades que não seriam suportadas pelos empresários e baliza os caminhos para o seu desenvolvimento.

Vinicius Lummertz

Secretário de Turismo e Viagens do estado de São Paulo, é ex-ministro do Turismo (2018, governo Temer) e ex-presidente da Embratur (2015-18)

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