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Crise em potencial

EUA geram nova incerteza na economia global ao acentuar conflito com o Irã

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O presidente dos EUA, Donald Trump, fala a um grupo de evangélicos na Flórida - Jim Watson/AFP

As consequências econômicas do ataque americano ao Irã são ao menos por ora muito limitadas, com efeitos modestos sobre os mercados financeiros e de petróleo. Não há nem sinal de pânico. O futuro desta crise, porém, é uma incógnita, em particular para os analistas e políticos ocidentais.

Especialistas na política externa americana e governos aliados dizem não compreender o plano de Donald Trump, se é que existe algum. Tampouco há clareza sobre quando e como o governo iraniano reagirá ao assassinato de seu líder militar e figura política popular.

Decerto haverá desdobramentos. Em 2018, Trump abandonou o acordo nuclear do Irã. Desde então, houve escalada dos contra-ataques assimétricos iranianos. Isto é, atos de terror, suspeita de autoria ou mando de ataques a navios no Golfo Pérsico e contra instalações petrolíferas na Arábia Saudita e intensificação do apoio a milícias no Iraque, na Síria e no Líbano.

O regime teocrático não pode deixar de responder a uma afronta a interesses e à honra nacional, sob risco de incentivar reação popular e de facções insatisfeitas do governo. Por outro lado, não pode se sujeitar a um ataque destruidor das armas americanas.

Por ora, há promessas de vingança e de aceleração do programa nuclear. No mínimo, o risco de que o Irã fique mais próximo de produzir uma bomba atômica tende a provocar reações americanas.

No front diplomático regional, o Irã pode fomentar mais desordem. Seus aliados e inimigos locais, porém, não sabem como reagir e o demonstram sendo prudentes nesta nova rodada da crise. Não sabem se os EUA pretendem a médio prazo se retirar da região, como pregava Trump, ou se a presença militar americana vai se intensificar, dado o risco ou a realidade de mais conflitos militares. 

As duas situações elevam a probabilidade de desordem ou guerra difusa. A retirada americana propiciaria um avanço iraniano, diplomático e militar, além de inspirar outros inimigos; a presença ampliada dos EUA na região seria oportunidade ou incentivo para mais embates na guerra assimétrica. 

A escalada do conflito teria consequências óbvias e funestas. A alta do preço do barril de petróleo, da casa dos US$ 70 para algo perto de US$ 100, teria efeitos contracionistas na economia mundial e poderia provocar acidentes no sistema bancário. Um trimestre de petróleo caro e de aperto nas condições financeiras bastaria para nova degradação do ritmo da economia do planeta inteiro.

Depois de avariar o crescimento mundial em 2019 com seu conflito econômico-tecnológico com a China, Trump lança novas sombras sobre a economia mundial.

editoriais@grupofolha.com.br

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