Descrição de chapéu

Mais truculência

Maduro desvirtua pleito na Venezuela e deixa oposição em situação delicada

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O líder da oposição, Juan Guaidó, tenta pular a cerca em torno da assembleia venezuelana - Reuters/Manaure Quintero

Em mais uma demonstração de autoritarismo e truculência, o ditador Nicolás Maduro moveu suas forças no domingo (5) para desvirtuar a eleição do novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela.

Ao longo do último ano, o posto foi ocupado pelo deputado oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou líder interino do país após o Legislativo não reconhecer o pleito vencido por Maduro, marcado por fraudes e perseguições, e declarar a Presidência vaga.

Nesse caso, dita a Constituição venezuelana, o presidente da Casa deve assumir o poder temporariamente até novas eleições. 

A fim de evitar uma provável recondução de Guaidó ao cargo, Maduro utilizou seu aparato repressor para impedir que ele e outros deputados contrários ao regime adentrassem a assembleia.

O líder oposicionista, numa tentativa de vencer a barreira armada pela Guarda Nacional Bolivariana, escalou a grade que cerca a Assembleia, mas acabou repelido.

A esvaziada votação, não poderia ser diferente, foi vencida por um nome patrocinado pelo chavismo: o dissidente da oposição Luis Parra. Não bastasse a violência, há ainda dúvidas se a sessão que o elegeu tinha quórum para ocorrer.

Nos dias que precederam a escolha, a ditadura já agia para desestruturar a oposição, que não reconheceu a escolha de Parra e procedeu, também no domingo, a uma votação alternativa na qual reelegeu seu líder Juan Guaidó.

A manobra chavista recebeu ampla condenação internacional. O grupo de Lima, que inclui o Brasil, também considerou ilegítimo o resultado, mesma posição adotada pelos Estados Unidos.

Com o impasse na liderança da assembleia, aprofunda-se o conflito entre os Poderes, tornando ainda mais complexo o panorama político da Venezuela. Deixa ainda Guaidó em posição delicada.

Mesmo que tenha logrado obter o reconhecimento de mais de 50 países como presidente interino, foi incapaz de cumprir seu objetivo precípuo: apear Maduro do poder. Tampouco conseguiu gerar uma divisão significativa na base militar que o sustenta. Corre agora o risco de perder a posição, caso Parra termine por se impor.

Enquanto a luta pelo poder se desenrola, os venezuelanos seguem assediados pela fome e pela falência dos serviços estatais —uma violência humanitária que só um regime com apego insano ao poder poderia infligir à sua população.

editoriais@grupofolha.com.br

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