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Fernanda Rezende Vidigal e Jorge Abrahão

Políticas públicas e as necessidades das crianças

Cuidar da primeira infância é investir na sociedade

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Não há nada mais importante em um país do que o bem-estar de suas crianças. Todo programa a elas dirigido não é custo, mas investimento nos médio e longo prazos e um grande passo na direção da harmonia da sociedade.

Quando o assunto são as políticas públicas para a primeira infância (de zero a 6 anos), além de saúde, educação e assistência social, é fundamental envolver outras áreas como mobilidade, planejamento urbano, integração de políticas e relação com a natureza —questões essenciais para nossas crianças que têm crescido em um mundo cada vez mais urbano. A realidade de muitas famílias brasileiras, principalmente nos municípios mais vulneráveis, é a de um cotidiano precário, doloroso, cruel para mães, crianças e para toda a sociedade.

Alunos da pré-escola em colégio de Alphaville, em Barueri - Raquel Cunha - 18.ago.15/Folhapress

Para promover mudanças duradouras nos ambientes em que as famílias com crianças na primeira infância vivem, brincam, interagem e se deslocam pelas cidades, a Fundação Bernard Van Leer (BvLF) lançou a estratégia Urban95. O objetivo é aumentar interações positivas entre cuidadores, bebês e crianças pequenas; facilitar o acesso e o uso dos serviços de que as famílias precisam; e reduzir o estresse nos cuidadores. As experiências vividas em ambientes acolhedores, receptivos e seguros promovem o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança, influenciando fortemente suas futuras habilidades e potenciais na vida adulta.

Várias lideranças pelo mundo têm estabelecido a primeira infância como prioridade. Em Tirana, na Albânia, praças e espaços verdes foram espalhados pela cidade. Em Tel Aviv, Israel, áreas antes destinadas ao estacionamento de carros foram transformadas em parques e praças; um aplicativo foi desenvolvido para aproximar mães que moram próximas e têm filhos da mesma idade.

O Brasil não fica para trás. Em Boa Vista, Roraima, pontos de ônibus foram transformados em espaços de aprendizado e brincadeira —e o sistema de gestão tem melhorado com alertas de risco que cruzam os dados dos sistemas de educação, saúde e assistência social. Em São Paulo, a prefeitura prevê mudanças nos dez territórios mais vulneráveis com foco na primeira infância.

No último dia 12, em parceria com a Fundação Bernard van Leer, a Rede Nossa São Paulo lançou a segunda edição do Mapa da Desigualdade da Primeira Infância do Município de São Paulo. O levantamento reúne 26 indicadores regionalizados pelos 96 distritos da capital paulista. As informações são atualizadas periodicamente no Observatório da Primeira Infância, ferramenta lançada em 2017 com o intuito de monitorar os dados e, a partir deles, identificar as diferenças territoriais da cidade.

Em tempos tão desafiadores, toda essa mobilização e o engajamento pelo mundo e no Brasil nos enchem de esperança por cidades mais humanas e acolhedoras, onde as crianças tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial. Porque uma cidade que se prepara para atender às crianças na primeira infância terá garantida a qualidade de vida para toda a população. 

Fernanda Rezende Vidigal

Coordenadora de programas Brasil da Fundação Bernard van Leer

Jorge Abrahão

Coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis, organização realizadora da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis

TENDÊNCIAS / DEBATES

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