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De volta à escola

Plano de retorno paulista faz sentido, mas esbarra nas deficiências de controle

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Escola fechada em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Quando se reflete sobre as sequelas da passagem da pandemia, sobressai o impacto da longa interrupção na instrução de dezenas de milhões de jovens brasileiros. O bem-estar, a renda e o emprego dessa geração serão prejudicados pelo resto da vida caso o dano não seja remediado depressa e bem.

A reclusão dos alunos e dos professores foi necessária para retardar a velocidade de propagação da doença na sociedade. Na ausência dessa medida, o estrago para a saúde e a economia teria sido maior.

Entretanto, assegurados parâmetros que permitam ao sistema hospitalar tratar todos os que necessitem de cuidados, e instalado um dispositivo de vigilância epidemiológica eficiente, é justo dar prioridade à volta paulatina das atividades escolares. Essas são as premissas do plano que o estado de São Paulo divulgou na quarta (24).

As diretrizes do programa, que afeta mais de 13 milhões de estudantes e 1 milhão de docentes em todas as fases do ensino formal e livre, nos regimes público e privado, estabelecem três fases até que se autorize a plena frequência nas escolas. O gatilho para que se passe de um estágio ao outro depende da melhora dos indicadores da infecção nas diversas regiões do estado.

Para as escolas ingressarem na primeira etapa de retorno, que admite no máximo 35% dos alunos a cada turno, as autoridades fixaram a exigência de que as 17 divisões administrativas paulistas atinjam e sustentem por quatro semanas pelo menos a classificação amarela, a terceira numa escala de cinco que vai do vermelho (pior) ao azul (melhor), no índice estadual de evolução da epidemia.

Uma revisão do plano, a permitir abertura por regiões, e não unicamente no estado inteiro, é avaliada.
Hoje, apenas a capital paulista e duas regiões na sua vizinhança ostentam a classificação amarela, enquanto a virose ainda se alastra com mais força em cidades populosas do interior e da faixa litorânea.

Por isso, o governo trabalha com 8 de setembro como data tentativa do reinício parcial das atividades. No ambiente escolar, determina cuidados como distanciamento mínimo entre os indivíduos, uso de máscaras e de álcool em gel.

No papel, nada parece exótico ao se comparar com o que ocorre em países que já venceram a primeira onda da epidemia. A dúvida é a capacidade governamental de aplicar testes virais na quantidade, no tempo e nos locais certos, de identificar cadeias de transmissão e de isolar possíveis fontes de contágio.

Essa deficiência, que infelizmente ainda parece longe de ter sido sanada, ameaça não apenas os planos de retomada escolar. Ela, hoje, é a principal fonte de incerteza para a normalização da vida social e econômica em São Paulo e no país.

editoriais@grupofolha.com.br

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