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Ana Paula Pereira e David Saad

Ensino médio integral abre perspectivas para jovens

Resultados no Ideb reforçam sucesso do modelo

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Ana Paula Pereira

Mestre em educação pela Universidade Stanford e diretora-executiva do Instituto Sonho Grande

David Saad

É diretor-presidente do Instituto Natura

Política pública exige investimento e continuidade. Na educação, não é diferente. No último dia 15 de setembro foram divulgados os resultados da edição 2019 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Ainda que estejamos longe da meta prevista para 2021, o avanço registrado no ensino médio é significativo para jovens da rede pública.

Mas o que foi feito para reverter o histórico de estagnação da etapa? Dentre as ações pedagógicas e de gestão adotadas pelas secretarias de Educação, merece reconhecimento a expansão do Ensino Médio Integral em Tempo Integral (Emiti). O projeto, iniciado de forma pioneira em Pernambuco, cresce em todo o Brasil desde 2016, quando o Ministério da Educação lançou a política nacional de fomento. Quatro anos depois, hoje são 3.963 escolas e 665 mil matrículas. O desempenho dessas escolas no Ideb 2019 evidencia o impacto do investimento.

Ao desagregar os dados por escola integral e regular de ensino médio, observamos que a nota das integrais (4,7) é superior à das regulares (4,0), além de ultrapassar a meta da etapa (4,6). São melhores as médias também nas provas Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica): em matemática, a diferença é de 13,44 pontos, e em língua portuguesa, 12,41. Na escala Saeb, 12 pontos equivalem a aproximadamente um ano de aprendizagem.

Quanto ao fluxo, outro grato retorno: a taxa de abandono nas escolas integrais (2%) é metade da observada nas regulares (4%). Em Goiás e Espírito Santo, respectivamente 1º e 2º lugares no ranking das redes estaduais, o percentual de abandono no integral é zero.

Além do acesso à educação de qualidade, o Emiti se mostra um aliado na promoção da equidade. A trajetória de Pernambuco na última década é o exemplo mais concreto de uma política pública sólida. São 438 escolas, e em cada município há, pelo menos, uma unidade com jornada de sete ou nove horas diárias. Em vez de uma ilha de excelência, optou-se pela ampliação a partir das áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica e, assim, foi possível oferecer oportunidade a todos.

A mesma estratégia está sendo traçada por Ceará e Paraíba e traz boas perspectivas para o Nordeste. Na lista de escolas localizadas em cidades de níveis socioeconômicos “muito baixo” e “baixo”, 182 conquistaram nota igual ou superior à meta 4,6: 124 estão em Pernambuco; 16 no Ceará; 14 na Paraíba e 4 no Maranhão. Caso das escolas Professora Benedita de Morais Guerra, de Macaparana (PE), e Alan Pinho Tabosa, de Pentecoste (CE), que alcançaram o Ideb 6,1 —o mesmo patamar dos países da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o qual a educação brasileira quer chegar um dia.

Os resultados nos indicam que o ensino integral é potente, também, no combate às desigualdades sociais brasileira e deve ser o caminho.

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