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PIB confirma início de retomada, mas auxílio, emprego e reformas são incertezas

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O ministro da Economia, Paulo Guedes - Pedro Ladeira/Folhapress

Ainda que um pouco inferior ao que se projetava, o crescimento de 7,7% da economia no terceiro trimestre, ante o período imediatamente anterior, confirma a superação do pior momento da crise e a importância das medidas emergenciais que ajudaram a reduzir os impactos da pandemia de Covid-19.

Em consonância com o que ocorre em outros países onde houve suporte fiscal e monetário à atividade, observou-se compensação da maior parte da queda ocasionada pelas medidas restritivas —que no caso brasileiro chegou a assustadores 9,6% no segundo trimestre.

Consolidam-se, assim, estimativas de retração do Produto Interno Bruto em torno de 4,5% neste ano, resultado menos ruim do que o temido há alguns meses.

Também em sintonia com o padrão mundial, a retomada foi liderada por setores menos atingidos pelas exigências de distanciamento social, como a indústria e a construção. A produção manufatureira cresceu 14,8% no trimestre e recuperou o nível pré-crise.

Pelo lado da demanda, a melhora se mostrou menos intensa. O consumo privado cresceu 7,6%, insuficientes para compensar o recuo de 11,3% no segundo trimestre, mas com perspectiva de continuidade.

O papel do auxílio emergencial na preservação de renda aparece com clareza. A poupança interna atingiu 17,3% no período, a maior cifra desde 2013. Desse modo, há possibilidade de que a saída do auxílio emergencial, embora dolorosa, não interrompa o crescimento.

Tudo dependerá, porém, da expansão das horas trabalhadas e do emprego, que ainda dá sinais ambíguos. Nota-se forte criação de vagas formais na medição do Caged, mas a pesquisa domiciliar do IBGE ainda aponta desemprego de 21% e o pior quadro de desalento da série histórica.

Há indicações positivas para 2021, que podem levar a economia a crescer mais que os 3,5% previstos hoje.

Globalmente espera-se uma forte recuperação, impulsionada pela perspectiva de vacinação em massa ao longo do primeiro semestre, algo que poderá ajudar setores ainda deprimidos, sobretudo serviços intensivos em contato social.

Além disso, as condições monetárias e financeiras devem permanecer favoráveis. Os juros mundiais ficarão próximos de zero. No caso brasileiro, podem perder força pressões de preços em alimentos e itens industriais que tiveram sua oferta comprometida, ajudando o Banco Central a manter a taxa básica de juros em nível baixo.

A consolidação da retomada também dependerá da disposição do governo em retomar seriamente a essencial agenda de reformas, com foco na redução das incertezas orçamentárias. Os sinais nesse sentido, porém, não são animadores.

editoriais@grupofolha.com.br

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