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Saída do presidente da Eletrobras explicita impasse político na privatização

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, fala da privatização da Eletrobras em 2019 - Pilar Olivares - 8.fav.19

Entre as maiores estatais federais, a Eletrobras é a que se encontra em processo mais avançado de privatização. O que não quer dizer grande coisa: o executivo Wilson Ferreira Junior anunciou que deixará o comando da empresa por não acreditar mais em sua venda.

Ele ocupa o cargo de presidente desde 2016, quando o governo Michel Temer começou a preparar a desestatização. Com a notícia da saída, o valor de mercado da companhia despencou de R$ 47,5 bilhões para R$ 43,2 bilhões somente nesta terça-feira (26).

Nos últimos anos, a Eletrobras passou por um programa de corte de despesas, principalmente com pessoal, e venda de ativos. O próximo passo será, ou seria, a União deixar de ser a controladora da empresa, por meio de emissão e venda de novas ações com direito a voto, segundo projeto enviado ao Congresso em novembro de 2019.

Explicitado pela renúncia de Ferreira Junior, o impasse em torno da privatização não deveria surpreender ninguém a esta altura. Desde Temer eram evidentes as resistências de deputados e senadores à alienação da gigante estatal, que reúne 69 subsidiárias contadas no ano passado —uma joia na coroa do fisiologismo político nacional.

Ao apego de parlamentares a cargos e verbas somam-se o corporativismo sindical e o estatismo do presidente Jair Bolsonaro, agora mais empenhado nas negociações com o centrão. São muitos obstáculos, sem dúvida, à frente do ministro Paulo Guedes, da Economia, que já não é conhecido pela capacidade de levar projetos adiante.

Paradas por mais de uma década, as vendas de empresas federais voltaram à agenda do governo após a devastação promovida pela administração petista, em especial, na Petrobras e na Eletrobras.

Evitar corrupção, empreguismo, investimentos antieconômicos e manipulações ruinosas de preços são objetivos meritórios, mas não devem ser os únicos em uma privatização. Tampouco a preocupação do governo de turno pode se limitar ao caixa —há que garantir concorrência e expansão dos serviços prestados aos consumidores.

Reconheçam-se as dificuldades técnicas e políticas da tarefa, que seriam consideráveis mesmo para um governo de maiores convicções e habilidades. Por ora é fundamental que ao menos se preservem gestões profissionais nas empresas, enquanto se conduzem programas de ajuste, com corte de despesas, ativos e subsidiárias.

editoriais@grupofolha.com.br

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