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Espiral descendente

Adesão a impeachment e quadro eleitoral revelam desgaste em curso de Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro - Pedro Ladeira/Folhapress

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro, ao fustigar diariamente as instituições eleitorais do país, aumenta uma pilha de crimes de responsabilidade em potencial, a sua perspectiva de terminar o mandato e obter a reeleição se reduz.

É provável que o segundo fato explique o desespero nas invectivas patológicas contra ministros e cortes —rechaçadas, de pronto, pelos presidentes do Senado e do Tribunal Superior Eleitoral.

Se for isso, pode-se esperar mais esperneio autoritário bolsonarista após a divulgação dos resultados da pesquisa Datafolha sobre impeachment e intenção de voto.

Pela primeira vez, forma-se maioria favorável à abertura de processo por crime de responsabilidade na Câmara dos Deputados. A cada 100 eleitores entrevistados pelo instituto, 54 apoiam a deflagração do impeachment e 42 a rejeitam. Em menos de seis meses, inverteu-se a situação apurada na pesquisa da penúltima semana de janeiro.

Questionados sobre a capacidade do presidente de liderar o país, 63% responderam que ela não existe, outro recorde numa trajetória galopante de aversão. Não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro no escrutínio de outubro do ano que vem 59% dos consultados. Nenhum outro nome testado obteve mais que 37% de rejeição eleitoral.

Nas simulações estimuladas de primeiro turno, Bolsonaro tem 25% das intenções de voto, mesmo patamar dos que consideram bom ou ótimo o seu governo. Luiz Inácio Lula da Silva aparece 21 pontos percentuais à frente do incumbente.

Na hipótese de segundo turno, o petista bate Bolsonaro com 27 pontos de margem (58% a 31%). O atual presidente perde dos três nomes testados no Datafolha —Lula, Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB).

O castigo na popularidade e nas condições de sobrevida política do presidente da República é pronunciado nas classes populares. Entre os que têm renda familiar mensal até R$ 2.200 —57% do eleitorado—, 60% defendem o impeachment e 63% recusam votar em Bolsonaro.

A foto deste Datafolha ainda assegura ao presidente o posto de principal perseguidor de Lula nas cogitações para 2022, mas a sequência de pesquisas denota um processo de desgaste não estancado.

A continuar a espiral descendente, em pouco tempo o mandatário avistará competidores no retrovisor.
A seu favor, Jair Bolsonaro tem um horizonte de recuperação provável do emprego e de superação paulatina da pandemia, pelo avanço agora acelerado da vacinação.

A questão é saber se ainda resta paciência em setores populosos do eleitorado com a desastrosa administração federal. Caso a resposta seja negativa, não apenas a reeleição estará comprometida, mas também a sequência final do mandato, pois aumentará a adesão social e política ao impeachment.

editoriais@grupofolha.com.br

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