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Violência americana

Alta de homicídios nos EUA também deveria ser estudada no Brasil de Bolsonaro

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Consumidor compra arma em Tinley Park, Illinois, nos EUA - Scott Olson/Getty Images/AFP

Os EUA registraram a maior elevação anual na taxa de homicídios por 100 mil habitantes de toda a série histórica iniciada nos anos 1960. É o que aponta o relatório anual do FBI preliminarmente disponibilizado no site da agência federal, que deve ser publicado oficialmente nesta segunda-feira (27).

Entre 2019 e 2020, a taxa cresceu perto de 29% —a segunda maior alta já registrada foi de 12,7%, em 1968. Ao todo, foram 21,5 mil assassinatos no ano passado, 5.000 acima do período anterior.

Em termos proporcionais, foram 6,55 para cada 100 mil habitantes, ante 5/100 mil anteriormente.

Por trás desse número, impressionante em si, há um emaranhando de fenômenos que demandam análise mais aprofundada. Embora especialistas apontem explicações diversas, sendo uma das principais as tensões interpessoais impulsionadas pela pandemia, algumas tendências são claras.

Há uma boa e uma má notícia. A primeira é que, apesar do salto, a taxa ainda continua bem abaixo da verificada nos anos 1990 —e nem se compara à brasileira, por exemplo, de 19,9 por 100 mil habitantes.

A má notícia é que a elevação é um fenômeno nacional, não algo localizado em algumas regiões apenas. Esse é um cenário diferente do brasileiro, onde após dois anos de queda houve um aumento de 4% do número de mortes violentas.

Por aqui, a expansão foi impulsionada em especial pelo Nordeste e esteve concentrada em 138 municípios, dentre 5.570, que respondem por 37% do total de ocorrências.

Nos Estados Unidos, os crimes como um todo se encontram em queda há 18 anos, e 77% dos homicídios foram cometidos com uso de armas de fogo.

Isso significa que parte considerável das mortes em território americano não se devem a um agravamento da atividade criminosa, mas por incidentes interpessoais. Calcula-se que houve vendas recordes de armas no país em 2020.

São dados que deveriam ser observados com atenção no Brasil, onde o governo Jair Bolsonaro procura reproduzir a ideologia armamentista enraizada na sociedade americana como arremedo de política de segurança pública.

editoriais@grupofolha.com.br

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