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Renato Casagrande

Em defesa do futuro

É natural que os estados estejam à frente do debate sobre impactos do clima

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Renato Casagrande

Governador do Espírito Santo (PSB), é presidente do Consórcio Brasil Verde e representará o grupo de governadores na COP26, em Glasgow

Os dois últimos anos ficarão marcados em nossa memória como um período de dor e grandes dificuldades. Além de levar milhões de pessoas à morte, a pandemia de Covid-19 produziu, como efeito colateral, uma crise econômica que se espalhou por todo o planeta.

Para nós, brasileiros, a maior emergência sanitária deste século teve consequências mais graves devido à falta de uma coordenação nacional. A economia brasileira, que já flertava com o abismo, viu-se ainda mais desorganizada. E agora, quando a pandemia começa a ser controlada e as principais nações do mundo retomam suas atividades produtivas, o país encontra-se às voltas com nova crise energética e ambiental.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) - Tati Beling - 31.mar.20/ALESR

Os efeitos das mudanças no clima têm deixado nossos reservatórios com pouca água. Com isso, as térmicas a carvão e a gás voltaram a ser acionadas maciçamente, o que leva ao lançamento de mais CO2 na atmosfera e encarece a conta de energia para a população. Esta é apenas uma das consequências das alterações do clima. Mas é realidade que observaremos com mais frequência e intensidade nos próximos anos, se não iniciarmos logo um caminho de transição para uma economia de baixo carbono, incentivando a inovação, as fontes renováveis e a bioeconomia.

Durante muito tempo, os alertas sobre as mudanças climáticas em curso no mundo foram contestados pelos governos. Hoje, entretanto, nenhum governante responsável pode ignorar os impactos ambientais, econômicos e sociais causados pela exploração desregrada dos recursos naturais e pela queima de combustíveis fósseis. Conter o avanço dessas mudanças é, sem dúvida, o maior desafio que enfrentamos.

E, para superá-lo, é preciso que os governos locais e nacionais tomem iniciativas de largo alcance em sua área de atuação e se articulem com as demais instituições, empresas e sociedade. Agora, com a criação do Consórcio Brasil Verde, passamos a dispor de um instrumento ousado e inovador, capaz de fortalecer e acelerar nossos esforços nessa direção.

Nascido da coalizão Governadores pelo Clima, movimento que já reúne os gestores de 22 estados brasileiros, o consórcio terá uma administração moderna e transparente, preparada para atrair recursos nacionais e internacionais destinados ao financiamento de alternativas energéticas renováveis e medidas capazes de reduzir as emissões de carbono. Para isso, construímos um modelo de governança que dá legitimidade ao novo instrumento e permite que ele proponha e desenvolva projetos e parcerias estratégicas.

Queremos ajudar o país na interlocução com organismos multilaterais e nações amigas, nesse esforço planetário de proteção ambiental e contenção das emergências climáticas. E foi com este objetivo que aceitamos o convite para participar da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), sediada em Glasgow, na Escócia.

Afinal, se já não é mais possível ignorar os impactos da atividade humana sobre o clima do planeta, também não se pode relevar o fato de que suas consequências pesam de maneira desproporcional sobre os países e regiões mais pobres. Por isso, para as nações em desenvolvimento, como o Brasil, conciliar crescimento econômico e proteção ambiental tornou-se uma necessidade com qual não é mais possível negociar.

O que buscamos, com a criação do Consórcio Brasil Verde, é articular e dinamizar os diferentes programas estaduais e auxiliar o país no alcance das metas pactuadas pela comunidade internacional para o meio ambiente. Assim, é natural e consequente que os executivos estaduais, com toda a sua diversidade e seu conhecimento das realidades locais, estejam à frente de movimento com tamanha dimensão social e econômica.

Se este é um trabalho coletivo, precisamos unir forças. Pois só trabalhando juntos, somando recursos e capacidades de todos que compreendem a urgência dessa mobilização, poderemos pavimentar o caminho para um futuro em que homens e mulheres das mais diferentes latitudes possam compartilhar, de forma justa, equilibrada e solidária, o privilégio de viver neste planeta azul

TENDÊNCIAS / DEBATES
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