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Pílulas antinegacionismo

Ciência cria primeiros remédios orais contra a Covid, o real tratamento precoce

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remédios, medicamentos, pílulas
MSD e Pfizer trazem resultados animadores de tratamentos antivirais contra a Covid-19 - Christina Victoria Craft/Unsplash

O desempenho da pesquisa científica ao longo da pandemia tem sido notável. No prazo de um ano vacinas eficazes e seguras começaram a ser aplicadas; agora, dois medicamentos orais devem reduzir ainda mais os riscos de hospitalização e morte pelo coronavírus.

O primeiro a ser anunciado foi o molnupiravir, do laboratório MSD, que em alguns países se apresenta com a marca Merck. A cápsula corta pela metade a probabilidade de pessoas infectadas serem internadas ou morrerem. O Reino Unido foi o primeiro a aprovar o remédio.

Em seguida veio o anúncio da Pfizer, que lançou tratamento antiviral combinado de três pílulas que promete mais redução do risco, de 89%, para ambos os desfechos que as autoridades de saúde lutam por evitar. A terapia será comercializada sob o nome Paxlovid.

Até o advento dessas inovações, médicos tinham poucas opções farmacológicas para ter chances de salvar pacientes graves. Uma delas é a dexametasona, corticosteroide que diminui em 35% a mortalidade de pacientes submetidos a ventilação mecânica. Anticoagulantes e coquetéis de anticorpos monoclonais também são de valia.

Em contraste com as novas terapias, esses medicamentos precisam ser injetados, procedimento complexo aplicado em pacientes hospitalizados. Pílulas, por outro lado, podem ser ingeridas pelo infectado assim que obtém o resultado do teste de Covid-19, portanto com mais chance de evitar internação e complicações.

Esses, sim, se qualificam como os verdadeiros tratamentos precoces, não as farsas da cloroquina e da ivermectina propagandeadas pelo presidente Jair Bolsonaro e um diminuto séquito de médicos sem apreço pela ética.

O governo federal pecou ao não providenciar as doses necessárias de vacinas de maneira tempestiva. Pior, Bolsonaro segue semeando dúvidas sobre os imunizantes.

A desídia também pode ameaçar o acesso de brasileiros aos novos medicamentos. De partida o Brasil se deparou com uma má nova: não consta da lista de países de renda média e baixa com licenciamento para produzir molnupiravir.

Brasília está com a palavra para informar como pretende garantir o acesso da população a medicamentos que de fato funcionam. Espera-se, no mínimo, o mesmo empenho que presidente e seguidores dedicaram às panaceias fraudulentas.

editoriais@grupofolha.com.br

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