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'Brigadas digitais' da CUT, ligada ao PT, requerem cuidado da Justiça Eleitoral

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Ato de centrais sindicais no Dia do Trabalho, em São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Merece atenção das autoridades a iniciativa da Central Única dos Trabalhadores de organizar uma rede de apoiadores para aumentar seu alcance nas redes sociais na campanha eleitoral deste ano.

Como a entidade sindical anunciou, serão criadas "brigadas digitais", com a missão de disseminar conteúdos produzidos por sua área de comunicação em grupos de mensagens no WhatsApp.

Historicamente ligada ao PT, a central afirma não ter intenção de usar a ferramenta para pedir votos ou distribuir propaganda eleitoral, o que seria ilegal, e diz prezar sua autonomia ante os partidos.

Mas dirigentes da CUT não fazem mistério sobre sua motivação em eventos organizados para expor o plano, que foi apresentado em abril ao próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num encontro na sede da entidade.

A central contratou agências especializadas em comunicação digital para organizar suas brigadas e diz que nada será feito em desacordo com a legislação eleitoral. Afirma que sua prioridade será combater a desinformação nas redes sociais, distribuindo notícias de veracidade comprovada para combater a propagação de falsidades.

Ainda que se aceitem os bons propósitos, restará sempre a dúvida sobre a capacidade que os sindicalistas terão de separar verdades e mentiras do que muitas vezes é apenas propaganda disfarçada.

A legislação brasileira proíbe empresas e sindicatos de financiar campanhas eleitorais, numa tentativa de inibir a influência de seu poder econômico na disputa política e assegurar que os pleitos sejam competitivos.

Na reta final das eleições presidenciais de 2018, empresários que apoiavam Jair Bolsonaro financiaram uma operação que usou o WhatsApp para disparar em massa mensagens contrárias a seus adversários, como esta Folha revelou.

Em julgamento realizado no ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral concluiu que um esquema ilícito tinha sido organizado para tal, mas considerou as provas reunidas insuficientes para cassação da chapa do presidente.

Ainda assim, a corte apontou os riscos criados por ferramentas como o WhatsApp para o processo eleitoral e definiu critérios para avaliar a gravidade de abusos que vierem a ser praticados neste ano.

A capacidade de conter a desinformação nas eleições está por ser testada. Iniciativas como a da CUT indicam o tamanho do desafio.

editoriais@grupofolha.com.br

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