Sem progressos relevantes nos últimos anos, o Brasil continua mal posicionado nas comparações internacionais de competitividade econômica. No mais recente relatório do IMD, prestigiosa escola de negócios da Suíça, o país ficou em 59º lugar entre 63 países, duas posições abaixo do ano anterior.
O índice do IMD agrega 333 critérios, dos quais 163 baseados em números da economia e o restante obtido em pesquisas qualitativas com cerca de 6.000 executivos de empresas nacionais e estrangeiras, uma amostra representativa da estrutura econômica de cada país. No Brasil foram ouvidas 134 pessoas pela Fundação Dom Cabral.
Por certo, a agregação dos critérios numa escala comparável entre países não é trivial, e o exercício sempre deve ser considerado como uma entre muitas indicações.
Mesmo com tal ressalva, é inegável que a posição brasileira é ruim, com notável destaque negativo para a qualidade da educação, em que o país aparece em último lugar. Apenas 23,5% das pessoas entre 25 e 34 anos tem acesso ao ensino superior, ante uma média de 44,2% das demais economias.
Outras mazelas muito conhecidas dos brasileiros também respondem pelo fiasco. No quesito eficiência do governo, o país subiu um degrau, mas ainda permanece na antepenúltima posição da amostra.
O padrão se repete em outros fatores determinantes para a competitividade e a solidez econômica, como segurança jurídica, indicadores de pobreza, estrutura tributária, barreiras tarifárias e infraestrutura. Neste último item, aparecemos na 53ª posição, uma abaixo da obtida em 2021, com piora em infraestrutura básica e científica, saúde e meio ambiente.
Mesmo onde houve avanço, como no quesito desempenho econômico, em que o Brasil subiu três colocações e está na 48ª, o resultado deriva de fatores que não dependem tanto de avanços locais.
No caso, o que houve foi ampliação do comércio internacional, notadamente de matérias-primas em que o Brasil é tradicionalmente competitivo, num contexto de alta demanda mundial.
No agregado, não se vê novidade no trabalho. Sem perspectiva de crescimento sólido, preso a um padrão de baixa produtividade, amarrado em ineficiências institucionais e regulatórias, indeciso para fazer avançar de forma célere um conjunto de reformas essenciais amplamente conhecidas, o país segue a perder oportunidades.
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