Em meio a tantas dificuldades na economia, o desempenho do mercado de trabalho tem sido uma boa novidade. Segundo a pesquisa por amostra de domicílios do IBGE, a taxa de desemprego caiu a 9,8% no trimestre encerrado em maio.
Trata-se da primeira medição nacional abaixo de 10% desde o início de 2016, e da menor taxa para tal período do ano desde 2015.
Ainda existem 10,6 milhões de pessoas desocupadas, mas a queda desse número tem sido acelerada —em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, há 1,4 milhão a menos. Na comparação com o trimestre correspondente de 2021, 4,6 milhões deixaram as fileiras do desemprego, uma queda de 30%.
A rápida criação de novas vagas não deixa de surpreender. A população ocupada atingiu 97,5 milhões, a maior da série histórica que tem início em 2012. Em um ano, 9,4 milhões de pessoas encontraram trabalho, numa alta de 10,6%.
No mesmo período, a população na força de trabalho —as que estão empregadas ou buscam emprego ativamente— atingiu 108,1 milhões, elevação de 4,8 milhões.
Outras boas notícias são a criação de 3,8 milhões novas vagas formais (12,1% a mais) ao longo de um ano e a redução da chamada taxa de subutilização (que agrega os desempregados, os que trabalham menos horas do que gostariam e os que não procuraram emprego no período da pesquisa, mas desejam trabalhar) de 29,2% para 21,8%. São 7,9 milhões de brasileiros a menos nessas condições.
Ainda assim, permanecem sinais de fragilidade. A informalidade continua exorbitante —cerca de 40% do total das pessoas empregadas não têm carteira assinada— e a geração de renda não tem bastado para acompanhar a inflação.
Embora a última pesquisa mostre estabilidade dos rendimentos em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, há uma retração de 7,2% nos últimos 12 meses. Na medição do IBGE, o valor médio habitual, já ajustado pela variação de preços, ficou em R$ 2.613 mensais, o menor patamar da série.
O longo período de elevada desocupação desde 2015 reduziu o poder de barganha dos trabalhadores, e os salários perderam poder de compra. A inflação ganhou força a partir de 2021, centrada em itens de primeira necessidade como alimentos, transportes e energia.
Adiante, se mantida a queda do desemprego, a renda pode se valorizar. A provável moderação da inflação deve criar um panorama melhor para o consumo.
O risco está no estrago potencial a ser provocado por ações irresponsáveis do governo e do Congresso. Más decisões, como a atual escalada de gastos eleitoreiros, podem prolongar o risco inflacionário e o período de juros altos, abortando a incipiente retomada da atividade econômica.
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