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Gargalos do ensino

Deficiências da educação em SP demandam propostas mais palpáveis dos candidatos

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Aula em escola da rede estadual de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Aquele que triunfar na eleição para o governo do estado de São Paulo terá desafios consideráveis a enfrentar no campo da educação, parte deles agravada pela pandemia.

A questão mais urgente é recuperar o aprendizado perdido no período em que as escolas ficaram fechadas. Como mostrou o último Saresp (sistema de avaliação do rendimento), os estudantes dos 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio da rede estadual apresentaram retrocesso em língua portuguesa e matemática.

Os dados mais preocupantes vieram dos concluintes do ensino médio, cujas notas nas duas disciplinas foram as menores desde que o exame foi implementado, em 2010.

Nos últimos anos, a rede paulista também perdeu a liderança nacional no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) nessa fase do ensino, aparecendo, na edição mais recente, em quinto.

Outra questão concernente à última etapa da educação básica diz respeito à implementação de seu novo modelo, que aumenta a carga horária e permite ao aluno escolher parte das disciplinas. Colocada em prática neste ano, a reforma vem conhecendo algumas dificuldades em São Paulo.

No primeiro bimestre, por exemplo, cerca de um quinto das aulas dos itinerários formativos (que complementam o currículo comum) do segundo ano do ensino médio da rede estadual não tinham sido atribuídas a nenhum professor —usaram-se aulas gravadas.

Por fim, é fundamental seguir ampliando o número de escolas em tempo integral. Estas, que em 2019 eram 364, hoje somam 2.050, abarcando 24% dos alunos.

Contudo, à diferença do modelo implementado em Pernambuco, que se tornou um paradigma, o sistema paulista não ampliou, no tempo extra, a carga básica de português e matemática, que permanece a mesma das escolas regulares —algo que merece análise mais aprofundada dos candidatos.

Ao menos quanto a esse tópico, os programas de governo dos principais candidatos ao Bandeirantes —Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB)— não parecem à altura do tema. Se todos se mostram favoráveis à expansão do ensino integral, os planos apresentados soam genéricos e superficiais.

Espera-se que, com o começo da campanha, tais ideias venham a ser aprimoradas e resultem em propostas que, de fato, possam contribuir para o ensino público.

editoriais@grupofolha.com.br

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